Conhecimento Essencial: Uma Visita ao Grupo Tribuna

por Willian Ribeiro

 

Era uma terça-feira nebulosa e fria do dia 14 de maio de 2019. Acompanhei a professora Carlota Cafiero e outros alunos do curso de jornalismo da ESAMC – Santos, o Jornal e Grupo Tribuna. O Jornal, antes denominado Tribuna do Povo, circula desde 1894 e está entre os mais antigos do País. Sua redação ocupou o prédio histórico da rua João Pessoa nº 129 desde a sua fundação. Mudou-se para o Tribuna Square, na mesma sede da TV Tribuna e que também abriga a Tri FM, no número 350 da mesma rua, ganhando uma nova redação integrada com o jornal Expresso Popular e outros veículos do grupo. Foi a minha segunda vez na redação do jornal pois a primeira ocorreu dois anos antes. Mas dessa vez foi mais que especial. Isso porque, além de ser aniversário da nossa professora, com direito a bolo entre um intervalo e outro da visita, foi a primeira vez que vimos jornal, rádio e TV todos juntos no mesmo prédio. Anteriormente, eles ficavam separados um do outro.

Visitar novamente a sede do Grupo Tribuna e verificar como funciona todo o trabalho de uma redação me trouxe momentos de imensa satisfação e entusiasmo. Além de me dar cada vez mais ânimo para seguir nesse meio tão desafiador. Mais uma vez, me recordava sobre toda a minha caminhada até chegar ali. Foi, assim, imensamente prazeroso poder escutar todas as pessoas envolvidas naquele meio e como o fazer jornalístico é cada dia mais importante. Quando entrei na redação, no terceiro andar, confesso que fiquei surpreso por ver todos trabalhando em silêncio. Assim que chegamos, inclusive, alguém disse para falarmos mais baixo pois eles, provavelmente, estavam fechando a edição do dia seguinte do jornal. Mesmo assim, esperava uma redação mais agitada. Mas não foi o que presenciei. Todos estavam concentrados em fazer o seu melhor trabalho.

O ambiente em volta era muito bem organizado. No primeiro andar, ficava a rádio, a internet e a TV. No terceiro, a redação dos jornais A Tribuna e Expresso Popular. O último, porém, parou de circular no dia 01° de junho. Percebi uma organização fora de série para que tudo fosse feito da melhor forma possível para o público. E os funcionários do jornal foram muito receptivos e explicaram com ênfase e detalhes, sobre a sua torina diária. Lucimara Félix, por exemplo, está há mais de 20 anos como locutora na rádio TRI FM, e nos passou o que aprendeu nesse tempo durante a sua carreira. “Depois de um curto tempo de profissão, você aprende a brincar com tudo e a sua vida tem que ser uma brincadeira, senão não tem graça, né? Então, o gostoso é esse retorno imediato”. Ela relatou, em um momento descontraído da entrevista, sobre uma ouvinte que queria mudar de estação por não ter sua resposta lida pela locutora em um tema dado por ela no dia: Medo. “Volta aqui, o meu medo é que é que você mude de estação!”, disse entusiasmada.

Mario Jorge, editor da capa do jornal, nos explicou como funciona o trabalho dele na redação. “Os assuntos que nós definimos para a capa, nós coletamos de uma reunião que fazemos com os assuntos que cada editoria faz. Criamos um filtro para saber quais assuntos são mais importantes para vir para capa. Tem que ser uma foto legal, impactante, que pode ter matéria ou não. Se tiver matéria, melhor ainda. De repente, a foto é tão impactante que nós produzimos um texto sobre aquela imagem específica, baseada na realidade. A capa é um mosaico, então, não pode ser colocado um assunto só. Política e economia dominam, mas precisa entrar esporte, galeria, e nós filtramos esses assuntos para discutir com os editores. Ou então, chega alguma pauta de última hora”.

Diretor assistente de cidades, Rafael Motta foi muito minucioso na hora de detalhar as informações da sua rotina diária. “Logo de manhã, nós temos um pauteiro que chega cedo a redação. Ele pauta o pessoal tanto de A Tribuna como do jornal Expresso Popular. Eu peço os turnos do pessoal da Tribuna para conferir como vai o andamento das matérias. Se elas vão ficar prontas para o dia seguinte ou, então, se vai haver necessidade de segurar alguma coisa para buscar informações complementares. Sabendo o que os repórteres possuem de material, e também o pessoal do expresso, eu organizo a edição indicando os assuntos pela ordem de importância”. O jornalista nos explicou o que ele acha ser preciso para ser um bom profissional no Jornalismo. “Buscar se informar em fontes diferentes. Hoje, nós temos uma diferença muito grande de 13 anos atrás, quando eu entrei aqui, e mais ainda de 26 anos atrás, quando eu comecei na profissão. Antes, nos tínhamos uma diversidade de fontes menor, mas, apesar disso, havia entre essas fontes de informação da imprensa e de várias formas de mídia, uma preocupação, no meu entendimento, mais forte com a exatidão das coisas. Porque não havia essa loucura de você, logo que apurou, publicar para dar a notícia primeiro do que os outros no outro dia. No jornal, você aguardava o dia seguinte, o programa de rádio, a TV… Havia um cuidado maior com a apuração. Eu acho que o jornalista tende a se dar bem na profissão quando ele se preocupa com a apuração correta das informações que ele recebe, não se deixando levar pela primeira informação que chega até ele. Sempre desconfiando, no bom e no mau sentido, daqueles que prestam informações a você”.

Heitor Ornellas, editor de esportes e do jornal motor, foi sucinto ao dar um conselho para quem está começando na profissão: “Muita leitura, acho que é essencial para o jornalista. Saber escrever bem e estar sempre bem informado. A respeito de tudo, porque hoje nós temos acesso a tudo. Muita leitura, perseverança e, usando uma palavra da moda hoje, muita resiliência”. Ele ainda alertou sobre a dificuldade no mercado de trabalho para a área de comunicação. “Vocês estão acompanhando que o nosso mercado está muito difícil. Não só para nós, mas para todos. Então, se vocês tem esse ideal e vontade de trabalhar na área, vocês precisam estar cientes de que a coisa é muito difícil, mas ela é prazerosa também”.

Conhecer a redação do Grupo Tribuna foi, portanto, uma oportunidade valorosa de conhecer de perto a profissão pretendida. E é muito gratificante ver profissionais empenhados em informar com zelo e prestação de serviço a comunidade que os cercam. Com certeza, o aprendizado nesse dia será muito útil para o meu futuro e, com certeza, para minha vida.