Isolamento social e seus desfechos

por Aline Guedes (texto) / AES

Existem alguns dilemas que tem que afligido durante este isolamento social. Grande parte, acredito eu, seja em razão de nunca ter vivido ou visto algo parecido. Como uma pessoa extremamente ansiosa, posso dizer que não tem sido fácil. A minha maior dificuldade, com toda a certeza, é a parte emocional. Ouvir falar em um futuro sem expectativa de mudanças boas me fez entrar em crise nos primeiros dias, mas decidi que o melhor seria não ler ou escutar a respeito.

Apesar de amar assistir jornais e ler matérias em sites jornalísticos, mudei esses hábitos para conseguir superar a crise emocional. Confesso que não tenho lido a respeito da Covid-19 nem procurado saber sobre as mortes ou estatísticas de outros países, incluindo o Brasil. Talvez não seja a melhor opção para uma estudante de jornalismo, mas não consegui seguir com outra alternativa. Seguindo algumas dicas de pessoas na internet, tenho feito ioga regularmente e escutado músicas que me levem para um lugar mais calmo na imaginação. A maneira como gastamos o nosso tempo definirá se sairemos ou não  equilibrados emocionalmente deste isolamento, então prefiro focar nisto. Sei que minha mente é meu ranking e não poderia focar em outra coisa que não fosse ela no momento.

O ponto que me fez chegar a esta conclusão foi a última matéria que li. Nela, o autor dizia que, no Brasil, caso não houvesse o isolamento social, chegaríamos à marca de um milhão de mortes. Isso me deixou apavorada. Não somente por entender o quão grave esta doença poderia ser, mas por imaginar que viveríamos parte do que a Itália viveu e ainda vive. Assistir vídeos em que corpos estão sendo levados em carros do exército para serem cremados fora da cidade trouxe uma angustia ainda maior.

Também não tenho me cobrado de fazer grandes mudanças na minha vida durante esse período. Não me obrigo a assistir filmes, ler diversos livros ou ser ainda mais produtiva. Viver em isolamento, ainda que seja com pessoas da família, não é fácil e não deveríamos nos cobrar ainda mais. Acredito fielmente de que logo passaremos essa fase e que o brasileiro esquecerá como foi esse período, já que o costume é sempre de esquecer de todo o sofrimento vivido há meses atrás. Resta-nos pensar em viver da melhor maneira possível. Passando tempos produtivos com as pessoas ao seu lado, mentalizando coisas melhores e maiores para o futuro, dedicando esse tempo à sua saúde mental e psicológica. O meu desejo é que este período termine logo, mas que a gente aprenda a valorizar nossa liberdade, que é o maior e mais importante bem para nós.