por Larissa Rodrigues (texto) / AES
Ruas e pontos turísticos famosos. que antes reuniam milhares de pessoas, hoje se encontram um verdadeiro deserto. Entradas proibidas, casas fechadas, hospitais lotados, o medo se instalando em cada cidadão e o pior, pessoas morrendo. Esta é somente uma parcela do caos e pânico que o novo Coronavírus instalou no mundo.
Diariamente, somos bombardeados de notícias cada vez mais tristes e preocupantes. O sentimento de impotência é o que me define esse isolamento social. A experiência de estarmos trancados dentro de casa, sem termos a mínima ideia de quando estaremos seguros o suficiente para sair, é apavorante, sobretudo para uma pessoa ansiosa como eu. Observar a cidade através de minha janela é algo um tanto quanto sufocante, porém tento lidar com um dia de cada vez, aos poucos. Obviamente, ao observar as ruas, vejo pessoas que desrespeitam completamente as normas de segurança adotadas pelo Estado, o que me faz refletir sobre a ignorância e a falta de empatia desses indivíduos, sendo que é neste momento que não devemos pensar somente em nós, mas sim em todos.
Reflito também sobre as pessoas que não têm a sorte de terem a família ao lado, por morarem sozinhas, naqueles que não tem condições de se proteger, nos idosos, e é exatamente nesse ponto que quero chegar. Durante todo esse pânico, imagino como deve ser difícil para aqueles que moram em situações de risco, que não possuem sequer uma moradia para se proteger, aqueles que não têm alimento e vejo o quanto a desigualdade social grita neste momento, e o quanto isso faz com que eu me sinta cada vez pior.
Vejo que algumas das pessoas que tomam conta de nosso País estão somente preocupados com a economia e com o mercado, e isso me traz uma indignação tamanha. Será mesmo que nem mesmo nessa hora o ser humano não é capaz de pensar um pouco no próximo ? Apesar de tudo, um fio de esperança ainda brota em meu coração, pois no meio de tanta falta de sensibilidade, ainda vemos bondade e coragem no ser humano. Ver os milhares de profissionais da saúde se arriscando e dando o seu melhor para trazer a cura é algo que me deixa completamente sem palavras, além de, claro, todos aqueles envolvidos nessa situação, como atendentes de farmácia, de supermercados, os entregadores… todos se arriscando e eu sinto uma imensa gratidão por todos eles.
Respirar fundo e inspirar lentamente, fechar os olhos…. se acalmar, manter o controle… O isolamento social fez com que toda minha rotina virasse de cabeça para baixo, e creio que isto aconteceu com o restante do mundo também. A adaptação, e não falo somente sobre as aulas da faculdade, mas sobre tudo que fazia parte de minha rotina. Durante esses dias, já que ainda não trabalho, resolvi me entregar ao máximo a leitura, sou apaixonada por livros de ficção, então reli os meus favoritos e isto me trouxe boas memórias e pensamentos positivos.
Assistir séries e filmes também é algo que mantém minha mente ocupada, além de cuidar da alimentação, cozinhar e colorir. Tento fazer coisas que sei que irão me manter ocupada e me acalmar, assim, poderei ter mais concentração em relação aos estudos. Outro ponto positivo de minha rotina são as aulas online oferecidas pela faculdade, assim como os cursos. Temos que pensar também em novos aprendizados e tirar coisas boas de toda essa situação.
Diante disto, toda noite antes de dormir, paro para pensar em como as coisas vão ser no dia seguinte e penso que o momento, agora, pede calma e para nos cuidarmos ao máximo. Porém sei que, todo dia, após vermos o número de mortos subindo a cada instante, o vírus se espalhando rapidamente, nos perguntamos: “quando isso irá parar?”. A ansiedade é algo que toma conta de mim cada dia, mesmo eu lutando e fazendo o possível para afastar esse sentimento. Sinto que o mundo está se desfazendo em pequenos pedaços enquanto esse vírus se torna maior e mais invencível. É doloroso e um sentimento de medo toma conta de nós, porém sei que se fizermos nossa parte, tomando o maior cuidado possível e tendo fé, seremos capazes de vencer isso.