Isolamento social afeta saúde mental dos brasileiros

Por Aline Cacimiro

Nova pandemia mundial tem assombrado a todos, obrigando os brasileiros a se manterem em isolamento social sem término previsto

Ao longo da história, para evitar que doenças se espalhem, países foram forçados a entrar em quarentena. O primeiro caso aconteceu quando a peste negra se espalhou pela Europa no século 14. Veneza obrigou todos os navios que ancorassem 40 dias antes que todos os passageiros pudessem desembarcar. O período foi chamado de “quarantino”, derivado da palavra em italiano para o número 40.

A ideia de passar 40 dias e noites sem contato social, como Jesus fez no deserto no texto bíblico, é a principal possibilidade para justificar o tempo determinado para o isolamento, como explica Mark Harrison, professor de História da Medicina na Universidade de Oxford.

Durante a peste bubônica no Reino Unido, o método também foi usado. Entre os meses de setembro e dezembro de 1665, 42 mortes foram contabilizadas na região de um vilarejo, obrigando a população a ser colocada em quarentena no ano de 1666, entre os meses de julho e novembro, mas ao final, a população estava curada.

É fato que, ao redor do mundo, diversas vezes o método foi usado para conter uma epidemia ou uma pandemia. A China aderiu ao tradicional método e a OMS (Organização Mundial da Saúde) elogiou o país por tomar medidas extraordinárias.

No final de março deste ano, a quarentena foi estabelecida em alguns estados brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 22 de março, o governador do Estado, João Doria, assinou o decreto 64.881, que define a medida de quarentena e restringe atividades de maneira a evitar a possível contaminação e propagação do Coronavírus. Foram suspensas atividades como comércio, shoppings, eventos, atividades culturais e baladas em geral.

Diante do momento atual, muitas pessoas relatam crises de ansiedade e da saúde emocional. O bombardeio de notícias assombrosas e as fake news aumentam o desespero das pessoas, ocasionando ainda mais angústia e tristeza. “As pessoas se desesperam, querem saber de tudo, comprar mantimentos e remédios, mas esquecem da angústia e da tristeza por trás de todo esse movimento”, afirma o psiquiatra Octavio Pavan.

A OMS divulgou uma cartilha de cuidados com a saúde mental para amenizar o pavor durante o isolamento social. Evitar álcool, cigarro e drogas estão entre as recomendações.

A estudante de Pedagogia Larissa Stephanie Barg, de 21 anos, de Blumenau (Santa Catarina), relata melhoras nas crises de ansiedade: “Estou fazendo exercícios para ocupar a mente e converso muito”. Ela passa o isolamento com os pais e a irmã mais nova, e afirma que as crises passam logo após a prática de exercícios para distrair a mente.

Estudante de Radiologia, Rafael Barbosa Gomes, 23, de São Vicente, conta como é difícil a vida de quem continua trabalhando na área da saúde. “No Hospital Ana Costa, onde trabalho, a vida continua normal, só com mais cuidado, que hoje é dobrado.”

Ele tem amenizado as crises de ansiedade por meio da religião. “Tenho lido livros, minha Bíblia e orado ainda mais para passar bem por todo esse tempo”. Os pais de Rafael e os irmãos mais novos estão respeitando o isolamento, assim como ele, o que o deixa ainda mais confiante de que em breve tudo irá melhorar.

O portal G1 divulgou algumas dicas de profissionais da saúde, como a Dra. Luana Marques, que estuda o isolamento e ansiedade na Univerdidade de Harvard, nos Estados Unidos. Ela explica que sentir um pouco de ansiedade é normal, mas que existe um limite. Algumas dicas para superar esta fase são: estabelecer rotinas; dividir tarefas em casa; usar a tecnologia a seu favor; fazer exercícios físicos.

Aline Cacimiro “com jornal A Tribuna, BBC e Folha de S. Paulo”