Dicas para suportar isolamento durante pandemia

Por José Lucas Sena/AES


Em meio ao isolamento social, achar meios para manter a rotina e a cabeça no lugar, sem quebrar as regras de prevenção à Covid-19, é a melhor alternativa para suportar a solidão. Substantivo feminino cujo significado é “estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento”, a solidão se tornou companheira de muitos indivíduos, sendo amiga dos pensamentos e companheira de muitos questionamentos, tais como: “Por que não fiz isso?”; “Por que eu disse aquilo?”. 

Bárbara Pinho, 21 anos, moradora do bairro Macuco, em Santos, é apaixonada pela praia e fazia exercícios diariamente, à beira-mar, mas compreende que agora é hora de ficar em casa, por ela e pelos outros. “Amo correr na beira do mar, sentir a brisa, sentir o “cheiro do mar”, mas agora tenho que ficar em casa, de onde só saio quando necessário, e achar uma forma de manter o meu condicionamento físico e refrescar a mente vendo lives e vídeos de exercícios”.

Quando se vê prestes a surtar em casa, vendo as notícias, ela faz uns drinks e doces diets para relaxar, lembrar que tudo isso vai passar. “Quando faço meus drinks e meus doces diets, desligo a TV, ligo minha caixa de som e começo a lembrar de tudo o que eu vivi antes do isolamento, dos abraços, das conversas com meus amigos, de tudo de bom que vivi e isso me faz lembrar que essa situação logo mais passará”, conta.

Luiz Marchezoni é personal trainer e treinador funcional. Ele disponibiliza em seu Instagram, diariamente, treinos simples e fáceis para fazer em casa, com itens básicos, como cadeira, mochila ou saco de arroz. Veja, abaixo, os benefícios dos treinos destacados por Marchezoni.

  • Ficar muito tempo deitado ou sentado faz com que o músculo encurte, causando a má postura, então, o alongamento se torna essencial;
  • O treino libera endorfina, que promove o bem estar e o relaxamento;
  • Vai acelerar o metabolismo, pois, mais tempo sem treino, maior a chance de se acumular peso e, para quem tem facilidade de ganhar, é muito ruim;
  • É excelente para melhorar o sistema cardiorrespiratório e
  • Aumenta a imunidade.

Ele completa, ressaltando o cuidado que todos devem ter em relação à carga e à sequência do exercício: “Sempre siga as instruções do professor e do personal. Nunca faça além daquilo que foi passado no vídeo. O profissional passa para você o básico e o necessário para que você mantenha a sua saúde e a sua integridade física. Além daquilo pode ser o início de uma lesão grave e muito séria”.

O personal disponiboliza, diariamente, vídeos de exercícios para quem estiver a fim de se movimentar e manter a saúde na quarentena.

Indiferente à pandemia

Tem pessoas que estão felizes e indiferentes com o isolamento, como Cristina Gomes de 29 anos, moradora do Catiapoã, em São Vicente. Ficar em casa, para ela, é melhor do que ver gente falsa. ”Eu estou muito bem em casa. Não vejo gente falsa, chata e estúpida. Estou muito bem na minha, sossegada, estudando de manhã e de tarde. À noite, vejo minha série ou cozinho, já que eu amo cozinhar. Por mim, que fique mais um ano assim que tá bom”, exagera. Quando ela sente que a solidão vai bater, diz que é só ir à cozinha e inventar um prato: “Mente vazia, oficina do diabo. Deixar a cabeça livre, sem algo para fazer, é o problema. Ela, ficando ocupada, faz com que tudo fique bem e, assim, sigo na minha vida da cama pra cozinha, da cozinha pra cama”, diverte-se.

O site da revista Veja, no dia 9 de abril, trouxe um estudo feito pelo University College London (UCL), sobre uma pesquisa que revelou: pessoas mais velhas estão lidando melhor do que as jovens com a tensão mental e emocional causada pela pandemia de Covid-19. O estudo com 60 mil pessoas foi detalhado pelo o jornal britânico The Times. Apesar de estarem mais suscetíveis às doenças e fazerem parte do grupo de risco, as pessoas com mais de 60 anos relataram níveis de satisfação com a vida maiores durante o confinamento, entre 6 e 6,5, enquanto pessoas entre 18 e 24 anos estão entre 4 e 4,5 e dizem sofrer mais com a solidão e tristeza.

Ana Luiza, moradora do Embaré em Santos, tem 20 anos e relata que a solidão é a sua companheira diária, fazendo com que ela não sinta vontade de fazer nada. “Estou muito triste. Ficar em casa e não poder sair está sendo massacrante. No começo, achei que seria tranquilo, mas agora está sendo aterrorizante. Como muito, durmo muito e, quando estou acordada, vivo de Netflix”. Mesmo que ela faça algo que goste, como estudar cálculos e ler sobre engenharia civil, nada disso supre a ausência do contato diário com as pessoas. “Preciso de gente, não aguento mais ficar sem poder conversar, tocar, olhar, sentir… deixamos de viver a vida e eu preciso voltar a viver. Sei que é por um bem maior, mas eu não estou suportando mais. Fui atrás de um psicólogo e estou bem melhor, mas eu não estou suportando mais essa situação. Eu só quero viver”. E acrescenta. “Meus vizinhos fizeram uma festinha e eu quase fui até lá participar… só queria viver aquele momento com eles”.

Em entrevista para o portal agenciaaids.com.br, a mestre em psicologia clínica pela PUC São Paulo, Lorena Cascallana, diz que é preciso parar de reclamar por aquilo que não se pode fazer e questionar o que é possível fazer dentro de casa. “A queixa não faz nada além de carregar negativamente nossa saúde mental, o que também faz com que nossa imunidade abaixe. Além disso, aumentar a imunidade tem relação direta com consumir pensamentos positivos. Música positiva, boas leituras, intercâmbios virtuais, fazendo chamadas de vídeo e ligações com pessoas queridas”.

Nesse tempo de quarentena, achar o bem-estar físico e mental em meio à solidão é difícil. Por isso, ser mais amigo, ligar para aquela pessoa que você não vê faz um bom tempo, se fazer presente (seja por meio do telefone, vídeo ou mensagem) para família e para os amigos, é o início da alegria, tanto para você quanto para quem você procurar. Nessas horas, o afeto, o carinho, a empatia são o melhor remédio para passar por cima do que nos aflige e, quando isso passar, tudo ficar mais apaixonante e prazeroso.