Isolamento social = crescimento pessoal

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Isolamento social = crescimento pessoal. Foto: Vitória Quaresma / AES

por Mariana Santana (texto) e Vitória Quaresma (fotografia) / AES

Administrar o tempo de forma independente é difícil, pelo menos para mim. Nunca passei por exigências de terceiros ou regras rigorosas. Mesmo não as tendo, quero criar uma obrigação comigo mesma: seguir meus horários, cumprir metas, desenvolver minha memória e dar atenção às pessoas que gosto de manter contato. Admiro quem lida com tal autonomia de forma eficiente, infelizmente ser assim não é de minha natureza. Mas isso não me
impede de sair dessa zona de conforto da qual detesto.

Sempre foi dito que o primeiro passo para corrigir um erro, é reconhecê-lo. Vejo tudo que posso melhorar, e esse isolamento social me veio como uma grande oportunidade. Nalgumas coisas já enxergo melhorias, outras nem tanto.
E neste exato momento me sinto confiante, pois sigo em progresso. Às vezes, confusões sentimentais bagunçam esse meu “calendário mental”, onde a baixa estima é abalada. Acreditar em si e ver com os próprios olhos algo que não existe é a personificação de um dos piores fardos para mim.

Assumo que esse isolamento não me afeta tanto no sentido de ter que ficar em casa, mesmo eu sendo uma pessoa que gosta de ir a bares, baladas, praias e festas. Mas no momento, me encontro caseira ,com o propósito de me
organizar. Estou cansada de ver o tempo passar e as minhas coisas, que eram para ter sido feitas, ainda estarem pendentes. Mas ao mesmo tempo, gostaria de me dedicar, uma ou duas vezes por semana, a atividades externas, como visitar um amigo, ir à praia conversar, tomar água de coco e sair para dançar.

A parte boa é que, hoje, me conheço melhor, e sei do que preciso para não me encontrar deprimida. Hobbies como ler, jogar, assistir documentários, estudar outros idiomas e reunir amigos virtualmente para conversar em outras
línguas fazem com que eu me ocupe e me sinta produtiva.

Encontro-me explorando outras áreas do meu curso de Jornalismo: leio conteúdos em inglês e assisto videoaulas sobre jornalismo, onde consegui reconhecer diversos assuntos já ditos em aula, coisas das quais nós, alunos, não demos o devido valor. Cada dia que passa me sinto mais preparada. Não em tudo, sei que preciso me atentar à gramática portuguesa, que para mim é mais difícil que a inglesa e a francesa.

Lamento pelas pessoas que conheço e não encontram maneiras de ter dias melhores, não digo para fazer as mesmas coisas que eu, pois cada um tem gosto próprio. Talvez seja difícil se descobrir, ou ter coragem de tomar
iniciativa. Mas a pressão que nos cerca também não é fácil. Pensar que algo lá fora pode te afetar, sem você sequer ter saído de casa, é assustador.

Acompanhar nos noticiários famílias que perdem pessoas queridas é triste. E, afora isso, tudo é incerto. Eu lamento pela doença e o progresso externo interrompido, falo por mim. Porque de resto vai bem, novamente digo egoisticamente: digo por mim.

Sei que há milhões de pessoas em situações piores do que a minha, mesmo eu estando descontente com a situação atual. Sinto-me grata pela minha saúde, moradia e família. E acredito eu, estou melhor do que imaginava.