Moradores de São Paulo lidam com o medo no isolamento

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Fotografia: Larissa Martins / AES

Por Larissa Martins

A COVID-19 tem tomado grandes proporções no mundo inteiro e no Brasil. No País, até o dia 12 de abril, foram contabilizadas 1,2 mil mortes e 22 mil infectados. Relatos de moradores revelam como está sendo conviver com o medo.

O período de isolamento social devido ao novo Coronavírus vem causando mudanças e adaptações necessárias no dia a dia da população. Segundo pesquisas, manter-se em isolamento é de extrema importância no momento, visto que as mortes aumentam todos os dias, e por ser um dos meios mais eficientes de impedir o contágio em maior número.

No último dia 6 de abril, o Governador do Estado de São Paulo, João Doria, estendeu por mais 15 dias o período de quarentena nos 645 municípios do estado, sendo assim decretado até o dia 22 de abril – a medida foi estendida até o dia 10 de maio. O objetivo é prevenir a proliferação do vírus entre a população, e o decreto inclui também o fechamento de comércios não essenciais, mantendo somente farmácias e supermercados em funcionamento.

O número de mortos no Estado aumenta rapidamente, tendo 68 mortes em apenas um dia, sendo o maior número registrado desde a chegada da pandemia. De acordo com pesquisas feitas pelo Data Folha no dia 6 de abril, 76% dos brasileiros acreditam que, no momento, manter-se em isolamento social é fundamental.

Mas estar em isolamento social pode desencadear vários sentimentos, uma vez que as pessoas se encontram trancadas em casa sem manter contato com as outras, sem sair para realizar atividades que antes eram comuns e que hoje são consideradas perigosas. O publicitário Aldenis Rodrigues, de 25 anos, morador de São Paulo, relata como está sendo morar no estado que é considerado o epicentro do vírus no Brasil.

“Aqui onde moro, os restaurantes estão fechados, funcionando apenas o que há de essencial. Como trabalho de casa, dificilmente tenho saído na rua, mas quando saio para ir ao mercado ou farmácia, encontro poucas pessoas. Creio que o que tem unido as pessoas aqui são os panelaços diários que acontecem contra o governo. É uma forma de sabermos que as pessoas estão ao nosso redor”, descreve Rodrigues.

Para lidar com a solidão, o publicitário diz que tenta conciliar o home office com a rotina de casa, mas que sente falta de estar em contato com outras pessoas. “Eu amo uma rotina de trabalho, de sair de casa, ver gente, pegar transporte público etc. Está sendo bem diferente do que imaginava como seria viver aqui em São Paulo. Ás vezes fico me cobrando por não aproveitar o tempo para fazer coisas produtivas”.

Para espantar o medo da ameaça de contágio, Rodrigues diz que tenta se distrair ao ler livros, jogar e escutar músicas e olhar itens de decoração para seu apartamento, mas que ainda sim, sente um medo que vai além do isolamento social. “As medidas adotadas pelo governo federal é o que me causa mais medo. Referente ao caos, ao colapso do nosso sistema de saúde. Parece que as pessoas não estão ligando muito em outras cidades e tendo em vista o que está acontecendo em outros países, principalmente na Europa ou aqui do lado, no Equador, eu temo que nosso país passe por essas mesmas situações. Será muito sofrimento e muito caos”.

Sobre o futuro, ele relata suas expectativas e pensamentos: “Eu considero o ano de 2020 já como um ano onde as coisas ficarão estagnadas. Creio que esse não voltaremos a normalidade, se é que algo será normal depois disso tudo, no final do último semestre. Tento me manter confiante em relação as coisas que posso controlar e pretendo cada vez me ocupar com coisas que deixem meu dia mais leve e tornem a vivencia em casa mais prazerosa.”

A estudante de Publicidade Amanda Meneses, de 21 anos, moradora de São Vicente, conta como está encarando o isolamento: “Estou tentando manter a mente tranquila, sem pensar muito em tudo que está acontecendo. Além da situação do vírus, fico preocupada com a situação econômica, visto que muitas empresas estão fechando as portas” . Apesar de estar apreensiva e angustiada, tenta se distrair e não focar seus pensamentos somente nas notícias sobre a pandemia. Ela também relata que onde mora, todos os acessos estão mais restritos e que as medidas estão mais rigorosas, tendo que redobrar a atenção na higiene.

Especialistas apontam que, neste momento, é fundamental manter a calma e tentar criar uma rotina que não seja tão estressante. Tentar técnicas como ioga, meditação, e algo que acalme a mente são boas alternativas.  

Com dados da EXAME, Agência Brasil, G1, F. de São Paulo e A Tribuna