O que o Coronavírus pode fazer a uma família. Foto: Vitória Quaresma / AES
por Mariana Rabelo (texto) e Vitória Quaresma (fotografia) / AES
A Covid-19 chegou mudando planos, projetos, rotinas, economia, saúde. Pessoas pararam de ir ao trabalho, às escolas, às faculdades. Ruas antes movimentadas, hoje, se tornaram sombras vazias de poeira e esquecimento. Se um vírus foi capaz de ter esse efeito no mundo, o que seria ele capaz de fazer a uma família?
Na minha casa, moram seis pessoas: minha mãe, meu padrasto, eu e mais três irmãos. Eu e minha irmã somos as únicas que não estamos em isolamento, ambas trabalhamos e pegamos ônibus de segunda a sexta. Na minha rotina, quase tudo permanece igual. Se não fossem pelas aulas à distância, eu nem repararia que algo havia mudado. Mas em casa as coisas com certeza, não são mais as mesmas.
Minha mãe trabalha no comércio. Antes do isolamento, eram poucas folgas em dia de semana e ainda mais raras aos finais de semana. Meus irmãos estudam de segunda a sexta e, em dias normais, só consigo vê-los ao anoitecer, já cansados. Agora, estamos todos em casa. Minha mãe cozinha diariamente e jantamos todos juntos, reunidos na mesa. São ocasiões diárias de união, onde compartilhamos o dia de cada um, momentos engraçados que aconteceram, filmes a que assistimos em casa, novas informações sobre o mundo (graças a mim, futura jornalista e ao meu padrasto, aficionado por jornais).
Graças a esse isolamento, minha família está vivenciando dias que antes eram quase inéditos, onde conseguimos nos reunir e aproveitar a companhia um do utro. A rotina a que estávamos acostumados se renovou, tornou-se mais alegre, importante, engraçada e regada de amor.
Parece egoísmo ficarmos felizes num momento como esse, onde famílias de diversos países perdem pessoas queridas todos os dias e a economia afunda e se aproxima cada vez mais de uma recessão. Mas nós escolhemos aproveitar o que temos de forma leve, usufruindo daquilo que minha mãe, mesmo ausente, sempre pregou: união e família.