Trabalhadores informais temem perda de receita

por Bruna Araújo Valle 

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, o governador do estado de São Paulo, João Doria, decretou isolamento social no dia 24 de março para evitar a propagação do vírus. Atualmente, a medida está prorrogada até 10 de maio. O resultado foi a suspensão de vários estabelecimentos como shoppings, lojas, e até mesmo algumas praias foram isoladas no litoral. Somente serviços considerados essenciais podem permanecer abertos: farmácias, mercados e postos de combustíveis são alguns exemplos. A ação afetou a vida de inúmeros cidadãos brasileiros, direta e indiretamente. No entanto, uma parcela significativa da população tem sentindo o impacto com medo e insegurança: os trabalhadores informais.

Esses trabalhadores exercem suas respectivas atividades sem registro em carteira. Sem vínculo empregatício, não têm direito a benefícios trabalhistas como seguro-desemprego, FGTS, licença-maternidade, férias, aposentadoria, entre outros.

Em um período em que o futuro é incerto, a diarista Olivia da Silva, moradora de São Vicente, diz que, devido à doença, todas as casas em que ela trabalha cancelaram as faxinas e não sabe como irá fazer para pagar as contas do mês. Ela conta que aproveitou a época da Páscoa para produzir ovos de chocolate e conseguir uma renda extra: “Tenho 42 anos e nunca vi nada parecido ao que está acontecendo agora. Estou recebendo ajuda dos meus familiares até mesmo para pagar a faculdade da minha filha. Está sendo realmente difícil”, completou.

A confeiteira de 38 anos Fernanda Xavier também tem encontrado problemas ao trabalhar vendendo doces no comércio da São Vicente, já que a maior parte das lojas está fechada para conter a aglomeração de pessoas. Em contrapartida, ela também tem medo de contrair o vírus devido à exposição que sofre: “Como já tenho certa clientela, minha saída foi fazer entregas a domicilio”, diz. Acrescenta ainda que, se as medidas de restrição continuarem, ela talvez tenha de usar todas suas economias e que não sabe até quando conseguirá se manter.

Em decorrência da crise em virtude da COVID-19, o Governo Federal concedeu um auxílio emergencial de R$ 600. Para mães chefes de família, o valor duplica. Quem tem direito são os trabalhadores informais, desempregados, microempreendedores individuais (MEI) e contribuintes individuais da Previdência Social. A contribuição será paga em três prestações mensais.

Bruna Valle com jornal Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.