Fotografia: Vitor Fagundes / AES
Por Joana Oliveira
Quando falamos em coronavírus, muitas pessoas se sentem apreensivas, assustadas e com medo, o que é bastante normal e humano, ainda mais quando existe uma situação real de risco à saúde. É o caso desse momento em que estamos enfrentando uma situação nova: o isolamento social devido à Covid-19.
Na Baixada Santista, mais nove casos foram confirmados somente no dia 5 de abril, totalizando 269, além de 24 óbitos, 1.419 casos suspeitos, mais de 268 pacientes internados (68 em UTI) e 54 mortes em investigação.
A moradora de Bertioga e influenciadora digital Bárbara Victória de Souza Armendro, de 25 anos, está na 31ª semana de gestação e chegou a sofrer com a suspeita de ter contraído coronavírus. Ela confessa que sentiu muito medo durante sua internação. “Tive medo de tantas coisas. Medo do incerto, porque ninguém sabia como lidar com grávidas. Fui a primeira gestante do Estado a possivelmente estar com o vírus. Então eu tive medo da morte, medo de atingir o bebê, medo de ter infectado minha filha de 2 anos”, lembra.
Bárbara estava com 28 semanas de gestação quando foi internada. Teve seu primeiro sintoma no dia 12 de março, em uma viagem de navio. A coleta de exames foi realizada no dia 15 de março. No dia seguinte, ela voltou ao Pronto Socorro de Bertioga com muita febre e falta de ar e, no dia 17 de março, foi transferida para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, direto para a UTI. O resultado do exame ainda não foi confirmado, mas ela já está bem e em casa, depois de mais de uma semana internada.
A estudante de Jornalismo Yasmin Braga, de 20 anos, trabalha na assessoria de Imprensa da Prefeitura de Bertioga e mora na mesma cidade. Atualmente, está trabalhando em home office, mas mesmo assim toma todos os cuidados e só sai de casa em necessidade extrema. Seu maior medo é o de sua mãe ser contaminada pelo vírus, pois ela faz parte do grupo de risco devido a um distúrbio pulmonar das vias respiratórias chamado pneumotórax, além de ter asma e imunidade baixa.
“O que mais me assusta no momento é a falta de empatia das outras pessoas com quem está no grupo de risco. Estou vendo muita gente sendo influenciada a achar que essa doença não existe, que o coronavírus é uma mentira. E não é bem assim, muito pelo contrário, então essas pessoas não estão tomando o devido cuidado e acabam pondo em risco a vida de quem está no grupo de risco”, lamenta Yasmin.
Alexandre Alves, de 22 anos, também morador de Bertioga e pizzaiolo, diz se sentir tranquilo ao sair de casa até o local de trabalho, mas ansioso em relação ao que vai acontecer após a pandemia: “Um dos medos é não poder realizar meu sonho de viajar o mundo, pois não sei por quanto tempo as coisas vão permanecer assim, se vou continuar com meu emprego, como vai ficar a economia no mundo e se mesmo após passar tudo isso será permitido a entrada de estrangeiros em outros países”.
“O medo é tão importante quanto a coragem, mas sempre em medidas certas. Se pensarmos em uma pessoa que supostamente é destemida de tudo, ela vai se colocar em risco o tempo todo e pode pôr outras pessoas em risco também. Então, o medo é importante sim em alguns momentos, pode ser sinal de cuidado, cautela, proteção”, orienta a psicóloga Kauany dos Santos.
Kauany tem 28 anos e mora em Guarujá. Mas o medo também pode se tornar prejudicial quando é constante ou muito frequente. Uma pessoa com transtorno de ansiedade, por exemplo, é alguém muito preocupada, sempre em alerta, e esse transtorno é uma das consequências que o medo em excesso pode provocar. “É saudável nesse momento que se evite acompanhar as notícias sobre a Covid-19 por mais de uma hora ao dia. Excesso de informações sobre isso pode despertar cada vez mais preocupações. É importante, também, buscar fontes seguras para se sentir bem informado.
Afora isso, é fundamental ter bons momentos de lazer, fazer atividades físicas ao invés de apenas comer o dia todo, ver filmes e séries, ler um bom livro, aprender a meditar ou praticar ioga por videoaulas, fazer alguma atividade artística, como tocar um instrumento musical, desenhar… fazer vídeo-chamadas com amigos ou familiares, jogar, dar atenção especial aos bichinhos de estimação, fazer terapia, aconselha a psicóloga.