Depressão é um mal camuflado ou ignorado?

por Marcus Vinicius e Victória Khouri 

Chegamos aos últimos meses do ano, e depois de tantas catástrofes, mortes e doenças, o que nos restou? Isolamento, falta de empatia, e a sanidade mental já é escassa. Setembro Amarelo, mês da prevenção ao suicídio, é lembrado todos os anos. Hashtags são levantadas, agências e jornais divulgam seus posts e matérias sobre o assunto. Mesmo assim, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 300 milhões de pessoas no mundo ainda sofrem com a depressão. A palavra prevenção significa tomar medidas antecipadas a fim de evitar algo.

 

Um constante conflito entre o que deveria acontecer e o que acontece. A maioria dos casos de depressão se torna conhecida após uma tentativa de auto-mutilação ou suicídio, mas nos falta olhar ao redor – ela pode estar onde menos esperamos.


Por ser uma doença fria, muitas vezes não é reconhecida de imediato. Por isso, é necessário, muito além de movimentos de apoio, manter-se atento aos sintomas: o apagar do brilho nos olhos, o sentimento de vazio e solidão, afastamento, mau humor. Devemos lembrar que nem tudo se resume a desânimo e desinteresse, isso vai muito além das conhecidas “tristeza” ou “frescura”. Põe em jogo, vidas.


Os principais fatores da manifestação da doença são sociais e econômicos como: racismo, bullying, desemprego, pobreza etc. Mas vale lembrar que a doença não tem preferências, e pessoas ricas e de grande influência não estão isentas.


Em 2004, o famoso e milionário ator e comediante Jim Carrey foi diagnosticado com depressão, e deu uma declaração impactante sobre o assunto. “Você consegue sorrir quando está no trabalho, mas continua em um baixo nível de aflição”, ele conta. Não são em todos os casos que os sinais são explícitos, mas sempre há luta interna, uma camuflagem, e também tratamento. Anos depois, Jim produziu um minidocumentário “I needed color” (Eu precisei de cor) – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P79zODem12c – e voltou a se pronunciar sobre o assunto, desta vez sobre sua superação. “Neste momento, eu não tenho depressão. Não há uma experiência de depressão.

 

Eu tive isso por anos, mas, agora, quando a chuva vem, chove, mas passa. Ela não fica mais o suficiente para me deixar imerso e me afogar”, conta. Descrevendo a doença da mesma maneira que é vista pelos profissionais da área, como o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, superintendente da Associação Brasileira de Psiquiatria :”O problema começa quando o sentimento debilita a qualidade de vida do doente, se manifestando durante a maior parte do dia, quase diariamente, por um período de duas semanas, no mínimo”, afirmou o médico.

 

O contágio e letalidade dessa doença são altíssimos, assim deve ser a preocupação. Então, repare, se atente, se conheça – se você vê alguém nessa situação incentive à busca de profissionais. O Centro de Valorização da Vida está disponível 24 horas pelo número 188, divulgue o serviço e seja o primeiro passo de uma superação.