por Diogo Carvalho
O assunto mais falado do ano de 2020 é o Coronavírus, que até o momento não tem uma cura concreta, o surgimento da vacina ainda é de pouco crédulo da população, isso sem falar sobre as doenças preexistentes que tiveram seus quadros clínicos agravados. O resultado da pandemia e do isolamento social gerou resquícios de danos psicológicos irreversíveis. Quem, até então, não procurava ajuda de um profissional, começou a buscar na internet conteúdos sobre: síndromes, paranoias, ansiedade, depressão e outros aspectos psicológicos.
Parâmetro para isso é a alta de compras online, de todo e qualquer tipo de produto, inclusive de medicação antidepressiva, prescrita por aqueles profissionais que acham que essa é a única e mais rápida solução. A falta de preocupação destes profissionais com o futuro da nação se assemelha ao do governo, que também agrega para que o número de quadros clínicos psicológicos aumente.
O foco das mídias e veículos nos últimos meses tem sido a prevenção, cuidados, o que fazer para evitar o contágio pelo novo Coronavírus. O que pouco se vê é sobre a situação após a recuperação do vírus, como o paciente fica, se algum sintoma continua e entre outras informações importantes. No site da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), foi publicada uma pesquisa em parceria com o Hospital das Clínicas e outros hospitais, em que se investigou quais serão as possíveis sequelas para quem batalhou contra o vírus. A análise da pesquisa é relatada em matéria, onde os autores comentam e explicam melhor sobre o que acontece quando se adquire o vírus, onde, o que e como ele ataca.
Como dito na reportagem: “Até o momento, a percepção de dor, ansiedade e depressão foram as mais prevalentes…”, escreve a professora e coordenadora do estudo, Carolina Marinho, que ainda cita: “acredito que a saúde mental pode sofrer impactos devido ao isolamento do paciente durante a internação, em que o paciente fica privado de visitas familiares e, em alguns casos, sem contato por celular com os entes e amigos.”
Em entrevista com estudante de Engenharia da Unifesp, que não quis ser identificado, ele relata: “Perdi meu emprego um pouco antes da pandemia começar, meu estágio da faculdade, que fazia para agregar nas horas, também foi interrompido, já tenho uma idade avançada, e alguns anos atrás passei por uma depressão devido a um fim de relacionamento, além de morar com meus pais, então, ficar em casa, sendo sustentado e na paranoia até mesmo com medo de sair do meu próprio quarto e poder contaminar meus pais que são idosos, talvez tenha retomado tudo aquilo que batalhei tanto para vencer…”. A situação deste aluno é igual a de milhares no Brasil, que também se estende para professores, analistas, gerentes e de qualquer outra profissão.
Para agravar ainda mais a situação, temos o convívio quase que 24 horas com alguma tecnologia, que repercute somente sobre a situação em que o País está e sobre a pandemia. O estudante de Engenharia ainda fala ao final da entrevista, com um tom triste: “Ouvi de muitos parentes que deveria buscar um novo emprego, ou até mesmo sair para fazer algum delivery, sem citar aqueles comentários mais agressivos, para melhorar minha situação, como se isso fosse a solução. Fui a dezenas de entrevistas por chamada de vídeo, a resposta de quase todas foi a mesma, que estavam fazendo entrevistas e buscando perfis para os bancos de talentos para pós-pandemia…”
O futuro ainda é muito incerto, porém, se pararmos para pensar, ele sempre foi, temos que respirar forte, todos juntos, e nos ajudarmos. Tentar ser menos tóxico e agressivo, não somente para “ajudar” aqueles que possuem ou são tendenciosos a ter algum quadro clínico psicológico, mas para sermos mais humanos. Devemos aprender com esse isolamento social, que todos, sem exceção, são frágeis e têm muito medo.