Por Patrícia Santos (texto) e Victória Khouri (fotografia)
O Brasil volta a registrar alta na média diária de mortes e de novos casos confirmados de Covid-19. Segundo dados publicados pela UOL, o país registrou 620 óbitos por Covid-19 nas últimas 24 horas e continua apresentando tendência de alta na média móvel de mortes. Entre as vítimas, fazem parte cada vez mais profissionais de ensino e alunos das escolas públicas onde as atividades escolares foram retomadas.
Apesar da retomada em grandes cidades do Brasil, em muitas escolas as salas se encontram praticamente vazias porque pais e responsáveis ainda não se sentem seguros para a volta dos alunos ao ambiente escolar.
Houve um aumento das contaminações na comunidade escolar em São Paulo, uma das cidades onde as aulas presenciais foram retomadas. Os dados foram comprovados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep). Segundo a pesquisa divulgada, o número de internações por Covid-19 na rede municipal da capital aumentou 26% na última semana.
Atualmente, São Paulo responde por cerca de 20% dos 6,1 milhões de casos de coronavírus do Brasil. Uma em cada quatro pessoas que morreram da doença até agora no país residia em São Paulo.
Só na Baixada Santista, região de São Paulo, houve a contabilização de 70.837 confirmações e 2.450 mortes. Ao todo, são 4.107 casos suspeitos e 58.030 pacientes recuperados nessa terça-feira (01/12). Além disso, a região também somou 13 óbitos causados pela doença apenas nessas útlimas 24h.
Pesquisas feitas em agosto já mostravam que os responsáveis pelos alunos eram contra a volta das aulas presenciais. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha indicou que 79% dos brasileiros acreditavam que a reabertura das escolas iria agravar a pandemia. No final de setembro, os números não mudaram muito, o resultado da pesquisa mostrava que 75% das pessoas ainda preferiam o ensino à distância.
De acordo com Cristina Batista, professora a 8 anos da prefeitura de Santos, a falta de acesso a equipamentos de proteção individual (EPI) e recursos de limpeza e cuidados constantes gera ainda mais desconforto e dúvida para o retorno das aulas presenciais. A pressão pela volta às aulas, segundo ela, é na verdade pelo retorno da economia e questões políticas, não por vontade dos pais.
Batista citou que problemas como falta de acesso e de apoio para os alunos existe “Existem muitas questões como falta de entendimento do aluno e a falta de recursos oferecidos para a presença na aula remota em uma internet instável. Mas isso representa mais recursos que não estão conseguindo entregar. O problema é a contaminação que o ensino presencial traz junto no dia-a-dia.”
Ao falar sobre o assunto, ela ainda completou “Tem muita coisa a melhorar em uma escola pública. Não existe EPIs suficiente e isso torna a situação muito mais complicada. Para mim, as escolas ainda não estão preparadas para o retorno. Enquanto não existir a vacina, acredito que nenhuma escola deveria voltar com o ensino remoto, por questões de saúde.”