Por Paulo Victor/AES
Os muros da cidade de Bertioga ganharam um novo visual no Circuito Sesc de Artes, entre os dias 8 e 19 de setembro. O grupo Lambertioga expôs suas obras com a técnica lambe-lambe em três lugares: Rio da Praia, Vicente de carvalho e Quiosque da cultura, no Centro do município.
Empenhado em utilizar a arte como ferramenta de protesto e posicionamento social, o produtor cultural, artista multimídia, designer e programador Maurício Cardoso idealizou o Grupo Lambertioga, de intervenção urbana artística, com dez artistas de diferentes áreas.
Lambertioga é a junção do termo lambe-lambe que é, basicamente, a colagem de cartazes com conteúdo, seja propagandas, eventos e política, e do nome da cidade de Bertioga. O idealizador ressaltou que o projeto se originou da vontade de reunir e conectar os artistas visuais atuantes na cidade litorânea, em uma ação de ocupação artística com lambe-lambes nos muros e paredes ao ar livre.
O produtor cultural explica que “o principal propósito é formar uma rede de artistas e um movimento de desenvolvimento artístico na cidade, e fomentar novas ações de mesma natureza”.
A ação só ocorreu devido à parceria com o Sesc Bertioga, que realizou o grande evento Circuito Sesc de Arte. “Todos sabemos da dificuldade de desenvolver ações culturais no nosso país. Culturalmente, nosso setor sofre de uma grande depreciação em relação ao seu valor fundamental e poucos investimentos são destinados para o seu desenvolvimento. Assim, o sentimento que fica é de profunda gratidão ao Sesc por acolher nossa ideia e viabiliza-la”, salienta Maurício, com esperança de maiores investimentos na cultura.
Guilherme Kikuti, membro do Lambertioga, enfatizou que participar da intervenção deu um sentimento de pertencimento, poder contribuir com a arte e fazer parte da cena local. Ficoou bastante alegre ao ver as ruas de sua cidade se tornarem uma galeria de arte a céu aberto.
O artista considera importante a existência de políticas públicas voltadas aos artistas, pois, hoje, “o mais complicado é arrumar tempo para produzir com qualidade, projetos artísticos envolvem pesquisas, muitos rascunhos, testes e muito trabalho mental. Antes disso o artista necessita de alimentação e descanso, o que envolve recursos e obter recursos leva tempo”. Kikut ainda destacou que as trocas foram valiosas, durante o Circuito, e que a questão ambiental foi o ponto central na elaboração das obras, com diversas ilustrações de animais que vivem na região.
A atriz e integrante do Lambertioga Maitê Dias nunca imaginou que suas obras fariam parte de uma manifestação artística coletiva. Nascida e criada no bairro Vicente de carvalho II, ela revela que fica emocionada ao ver sua arte no muro perto de sua casa, “quando passo por ele, fico toda boba”.
O estudante de Direito José Marcos mora em Vicente de Carvalho há cerca de 20 anos. Para ele, a intervenção artística promovida pelo Circuito Sesc de Artes lhe provovou “uma mistura de memórias, desde a visão atual, em relação aos avanços tecnológicos, com os vários QRcodes nas obras, até a representatividade não só negra, mas a indígena e da Mata Atlântica, que é onde Bertioga está inserida”.
Membros do Lambertioga:
Guilherme Kikuti- artista e educador, utiliza a arte híbrida: natureza e tecnologia juntas, suas inspirações vêm do amor pela natureza.
Lucila Alvarenga- mineira, psicóloga, terapeuta e espiritualista. Sua arte expressa sua visão de mundo fazendo infinitos processos de cura.
Douglas de Paula- artista formado em fotografia, publicidade e turismo. Utiliza-se da pintura digital.
Maitê dias- atriz, produtora e pintora. Ela se expressa usando como base o trânsito de suas emoções, atitudes e descobertas de suas vivências.
Marcelo Kanai- formado em tecnologia e mídias digitais com habilitação em Arte e Tecnologia, utiliza da produção digital com temas que vão das relações sociais ao meio ambiente.
Flávia Paiva- formada em comunicação das artes do corpo, performer e educadora. Envolvida em intercâmbios e residência artística.