Semana de 22 ainda intriga o público jovem

Por Ellen Reginato

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um grande marco para a história do Brasil. Trata-se de um movimento cultural ocorrido entre os dias 13 e 17 de fevereiro, em São Paulo, conhecido como Semana de 22, no saguão do Theatro Municipal, com o intuito de apresentar obras que prometiam romper com o academicismo e os cânones europeus sobre o fazer artístico no país, com influências de movimentos da vanguarda europeia.

A semana teve a participação de grandes nomes do Modernismo brasileiro, entre eles Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos e outros. Até mesmo a pintora Tarsila do Amaral teve um grande impacto nesse movimento, apesar de sua ausência na semana – ela traduziria as ideias modernistas em pinturas como “Abaporu”.

Mário de Andrade brilhou como um dos intelectuais e criadores mais influentes do movimento. O escritor ajudou a organizar toda a semana, e ainda foi um dos primeiros autores a publicar seu livro de poemas da primeira fase do Modernismo, com “Pauliceia Desvairada”. Suas obras são famosas por trazerem reflexões grandiosas com a intenção de quebrar os paradigmas artísticos, sempre se atentando para problemas sociais brasileiros. Além disso, Mário se empenhou em escrever prosa de ficção, como “Macunaíma”, que reflete todo o compromisso do autor com a criação de uma língua literária nacional.

Vinicius Amorim, de 20 anos, estudante de engenharia química, afirma que por mais que sua área não tenha tanta relação com a poesia, ela tem um grande impacto em sua vida, transformando sua maneira de pensar, traduzindo suas diversas ideias e pensamentos em palavras e sentimentos escritos. Para Paulo Victor, 22, estudante de jornalismo, a poesia ajuda a aumentar o seu vocabulário e a arte moderna o ajuda a apreender a analisar mais o contexto dos fatos, ainda mais com a transformação da escrita proposta por Mário de Andrade. O autor modernista defendeu que a poesia é algo essencial para as pessoas lidarem com os bloqueios criativos, pois a arte liberta, e tem o poder de mudar a vida de qualquer indivíduo, alegando que ela possibilita que quem ousa a se envolver reconheça seus sentimentos e vivências.

Quase centenária, a Semana de 22 ainda intriga jovens estudantes e os motiva a questionar os padrões, a não se contentar com os problemas sociais e a entender a forma certa de agir em virtude do bem coletivo. A influência do escritor e poeta Mário de Andrade foi tamanha, proporcionando aos mais novos cidadãos textos envolventes e revolucionários, que possibilitam a todos enxergarem novas perspectivas e a obter uma visão diferente da realidade.