Por Paulo Victor/AES
A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artística, política e cultural ocorrida no Theatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922, entre os dias 13, 15 e 17, reunindo jovens artistas, irreverentes e contestadores.
Os artistas tinham o objetivo de romper com os parâmetros que vigoravam na arte brasileira, que era influenciada na época pelo Parnasianismo e Academicismo. O Parnasianismo foi uma corrente literária que valorizava a forma e não o conteúdo, logo, os versos de seus poemas deveriam serem milimetricamente contados e rimados. Já o Academicismo dominava as artes plásticas, valorizando a cópia em vez das emoções.
As figuras centrais da Semana foram os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade e o pintor Di Cavalcanti. Mario foi escritor modernista e musicólogo; seu estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase modernista no Brasil. Em suas obras valorizava a identidade e a cultura brasileira. Seu poema “Ode ao burguês”, do livro “Pauliceia desvairada”, foi lido em uma das três noites da Semana, marcado por vaias.
Oswald de Andrade foi escritor e dramaturgo, com um espírito irreverente, polêmico, irônico e combativo, sendo figura fundamental da vida cultural do século 20 no Brasil. Suas obras apresentavam um nacionalismo que buscava as origens, sem perder a visão crítica da realidade. Trechos do seu romance “Os condenados” foram lidos no evento.
Já Di Cavalcanti atuou como desenhista, ilustrador e cartunista, participou da organização da semana, criando o desenho do catálogo e cartaz. Expôs 11 pinturas e ilustrações publicitárias. Foi reconhecido com um dos grandes pintores brasileiros do século passado.
O evento teve suas consequências, com críticas severas, pessoas ficaram desconfortáveis com as apresentações e não conseguiram compreender a nova proposta de arte. Os artistas chegaram a ser comparados com doentes mentais. O escritor Monteiro Lobato criticou fervorosamente a semana na imprensa.
Entretanto, os excessos da crítica eram desejados pelos organizadores, de modo que chamasse a atenção para suas propostas artísticas. Logo após o festejo, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos artísticos. Os grupos de artistas se reuniram com intuito de disseminar o modelo proposto, entre as publicações de destaque estão a Revista Klaxon (1922), Revista Estética (1924), O Movimento Pau-Brasil (1924), Movimento Verde Amarelo (1924), Movimento Antropofágico (1924). A influência da Semana pôde ser sentida dos anos 60 aos 70, com a Bossa Nova, o Tropicalismo e a Geração da Lira Paulistana.