Steve McCurry nasceu na Filadélfia (Estados Unidos) em 24 de fevereiro de 1950. Estudou Artes e Arquitetura na Universidade do Estado da Pensilvânia. No entanto, acabou se formando em artes cênicas, graduando-se em 1974. Se interessou pela fotografia quando começou a produzir imagens para um jornal de sua universidade, chamado The Daily Collegian.
Dois anos depois de formado, viajou para Índia, onde passou a treinar o seu estilo, além de desenvolver um impressionante olhar ao montar as composições de suas fotos, contextualizando o objeto fotográfico com o ambiente. O fotógrafo norte-americano Steve McCurry sempre trabalhou com sua câmera Kodak, com a qual registrou mais de 800 mil imagens em Kodachrome, tipo de filme criado em 1935 e que nunca chegou ao Brasil.
Em 1979 foi para o Afeganistão cobrir o conflito na região, naquela época já era um fotógrafo conhecido e habitual colaborador da revista americana National Geographc. No ano de 1980 alcançou um ponto que seria decisivo em sua carreira: cruzou a fronteira entre Afeganistão e Paquistão controlado por rebeldes se vestindo como um nativo. Passou despercebido com os rolos das fotos escondidos entre as suas vestimentas.
Tal ato fez com que ele pudesse mostrar por meio de fotografias, impactantes imagens de uma zona devastada pela guerra, fazendo com que o mundo entendesse a realidade cruel do conflito naquela região. O feito fez com que ele ganhasse o prêmio “Robert-Capa”, como melhor reportagem fotográfica, concedida apenas aos melhores fotógrafos que expõe sua coragem excepcional e dedicação na profissão.
Desde então, Steve McCurry fez a cobertura de áreas em conflitos de guerra, tanto internacionais como civis, incluindo a tensão entre Irã e Iraque, a desintegração da antiga Iugoslávia, além de outros inúmeros conflitos: em Beirute, nas Filipinas, na Guerra do Golfo, na Birmânia, Caxemira e Iêmen.
Mas, foi uma foto específica que virou sua vida do avesso e fez com que ele se tornasse um dos fotojornalistas mais conhecidos no mundo. Era 1984, McCurry estava fotografando em um campo de refugiados de afegãos no Paquistão. Até que uma menina de 12 anos chamou atenção: era Shabart Gula, uma afegã que havia perdido seus pais em um bombardeio soviético no Afeganistão.
A fotografia batizada de “menina afegã” apareceu na capa da revista National Geographic, na edição de junho de 1985. A imagem de seu rosto com um tecido enrolando sua cabeça e seus olhos verdes olhando diretamente para a câmera fotográfica, tornou-se um símbolo do conflito entre afegãos e da situação dos refugiados por todo o mundo. A foto de Gula, que chama atenção pela composição das cores (característica de McCurry) foi nomeada como a fotografia mais reconhecida na história da revista.
Steve McCurry é um dos grandes fotógrafos da história que ainda continua trabalhando. Um olhar temoroso, porém, com uma esperança enorme. São pouquíssimos os profissionais da fotografia que sabem retratar um olhar tão bem como ele, com o incrível talento de capturar os sentimentos, a alma. Em 2012 o McCurry avaliou com pessimismo a condição da fotojornalismo como profissão, assegurando que é ”mais difícil exercer a profissão hoje do que há 30 anos” ‘Estamos vivendo um momento de transição. Acho que haverá um futuro bom, mas é preciso trabalhar duro para isso”
Segundo o fotógrafo, ”a atual situação econômica e os problemas relacionados ao meio ambiente e aos Direitos Humanos” são fatores que acabaram interferindo na mudança do conteúdo do calendário, que, até o momento, só tinha sido assinado por ícones da fotografia de moda. ”É preciso inventar algo extraordinário. Nós, os fotojornalistas, temos que ser criativos independente do meio usado, já que não sabemos o que se passará no futuro. Mas, sem dúvida alguma, é preciso ser exigente”, assegurou.