| Perfil Biográfico Fotógrafo | Damian Drovetto
| Por Carla Carvalho | 5FN1 FTI 2024-2
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Damian Drovetto tem 21 anos, nascido em 1 de dezembro. Natural de Campinas, atualmente reside em São Paulo. Em suas palavras, é muitas coisas, mas duas das principais são fotógrafo experimental e aspirante a cineasta.
Carla Carvalho: Quando que seu interesse por fotografia começou?
Damian Drovetto: O meu interesse pela fotografia começou bem cedo, na infância. Quando eu tinha 6 anos, ganhei dos meus pais um celular de botão que tinha uma câmera bem ruinzinha, um Sony Ericsson. Eu não me lembro do momento exato, mas sei que um dia comecei a tirar fotos com ele e dali em diante fotografar era tudo que eu fazia: tirava fotos minhas, da minha família, dos meus brinquedos, da paisagem…
Daí os meus pais trocaram a câmera analógica que tínhamos em casa por uma cybershot e eu deixei o celular por ela, coitado. Era o dia inteiro com a câmera na mão. Eu passava tanto tempo com essa câmera que os meus pais começaram a me pedir pra ser o fotógrafo de algumas reuniões de família. Às vezes eles pediam ela de volta e eu ficava muito ofendido, tá?
O nosso computador antigo, que hoje está na casa da minha mãe, continua cheio de pastas e mais pastas de fotos que eu tirei ao longo de pelo menos 3 anos, entre 2009 e 2011. Apesar de tudo, só fui tomar a iniciativa quando tinha 20 anos. Por quê? Não sei. acho que tive medo, por muito tempo.
Quais são suas inspirações e o que te influenciou na fotografia?
As minhas inspirações e as minhas influências caminham lado a lado. Eu sou constantemente inspirado e influenciado pelo ambiente que me cerca. É por isso que eu gosto de fotografar a cidade: nada me sensibiliza mais que a própria vida.
Além disso, tem o cinema. Junto à fotografia, o cinema é a minha razão de viver. Foi assistindo aos meus filmes favoritos que eu percebi que o meu olhar é sensível e que eu poderia fazer dele uma linguagem. Ali nasceu, também, o meu desejo de ser cineasta. Falando em nomes, cabe citar Rogério Sganzerla, Helena Ignez e Djalma Limongi Batista.
Rogério é o meu cineasta favorito, que dirigiu “o bandido da luz vermelha”, grande filme do cinema marginal brasileiro. Helena é a minha atriz favorita, atriz experimental e cineasta essencial para o cinema brasileiro e que esteve ali presente no cinema marginal. Djalma foi aluno da primeira turma de audiovisual da eca-usp e dirigiu, em 1968, o curta “Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora.”, o filme que considero ter mudado a trajetória da minha vida (mas isso é história para outro momento.) Vale mencionar que ele foi professor na escola onde estudo cinema atualmente. Por fim, levo sempre comigo a música e a literatura, linguagens que considero adjacentes à fotografia e ao cinema. Se não fosse por elas, eu não teria chegado até aqui.
Como e onde você começou sua carreira?
De maneira breve: após muito tempo pensando se eu deveria mesmo fazer isso, juntei as minhas economias que levantei com o trabalho que estava na época e parcelei uma câmera usada. Eu diria que foi um dos momentos mais felizes da minha vida.
Alguns meses depois, fui chamado para fotografar o casamento de dois amigos. Aquela foi a primeira vez que ganhei dinheiro com o que eu faço. Hoje acho engraçado falar sobre isso porque percebi que não gosto tanto assim de fotografar eventos, mas foi uma experiência importante para a minha formação enquanto fotógrafo.
Você possui alguma formação acadêmica/técnica ou está em andamento?
Fiz um curso breve de fotografia básica no Museu da Imagem e do Som de São Paulo em 2023 com uma professora maravilhosa, Melissa Szymanski. Devo muito do que sei a ela. Para além disso, tudo que sei é fruto de minhas experimentações, retalhos daquilo que um dia já me tocou.
Atualmente estudo cinema na Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André, um lugar maravilhoso repleto de pessoas excepcionais. Ainda estou no primeiro semestre, mas teremos aulas de direção de fotografia no próximo ano; vale ressaltar que direção de fotografia no cinema é diferente de fotografia em si, mas há muitas semelhanças, e grande parte das pessoas que trabalham com direção de fotografia são fotógrafas.
Qual sua área de atuação?
Eu já fiz muitas coisas. Sabe como é, fotógrafo em início de carreira. Sinceramente ainda faço de tudo um pouco, não gosto de me restringir. Sou fotógrafo experimental, de arquitetura e também faço fotografia still de cinema (que é, basicamente, o making of de um set de filmagem.)
Se for pra escolher onde ficar, essas são as 3 áreas que eu mais gosto e pretendo seguir, mas ainda quero explorar o retrato, ver como me sinto. Outra coisa que ainda quero muito fazer é sair um pouco do digital e experimentar a analógica. Dentro do audiovisual, já fui operador de câmera algumas vezes e ainda quero ser diretor de fotografia pelo menos uma vez.
Qual é seu equipamento utilizado?
Por enquanto, tenho uma Canon T7 e uma 18-55mm. Quando há necessidade, alugo equipamentos (como flashes dedicados e luzes, por exemplo.) Aí eu incluo o valor do aluguel no orçamento, se for um trabalho com cachê. A câmera mencionada é minha, mas já trabalhei com outras. Por exemplo, quando fui operador, utilizei uma blackmagic. Foi legal!
Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades de atuar na área da fotografia?
Não sei se as minhas dificuldades se aplicam a todo mundo, provavelmente não – cada pessoa vai ter uma experiência diferente, e, por exemplo, um fotógrafo contratado vai ter uma experiência diferente de um fotógrafo que é freelancer – mas posso falar sobre como foi e é para mim.
O mais difícil é começar. Fotografia é caro, o meu equipamento por mais simples que seja exigiu de mim um grande preparo financeiro. Depois que você consegue o equipamento, você precisa fazer o seu portfólio, e isso é muito difícil. Nem digo isso pelo tempo que leva até você dominar os princípios da fotografia, mas principalmente pelo tempo que leva até você entender a mensagem que você quer passar e desenvolver uma forma de combinar o que você aprendeu com o seu olhar fotográfico.
Depois disso, você ainda precisa fazer o seu trabalho chegar até as pessoas certas, aquelas que serão tocadas por ele. é um projeto, e exige paciência. Leva um tempo até o investimento se pagar, e essa foi uma realidade que tive de enfrentar, mas não me arrependo de nada, posso garantir.
Particularmente, também tenho dificuldade para precificar o meu trabalho. Sempre tento pensar em um valor que seja acessível, mas infelizmente já acabei saindo no prejuízo por isso. Se for passar tudo para o papel (transporte ida e volta, armazenamento das imagens no meu drive, tempo de tratamento antes de entregar, entre outras coisas…) o valor inevitavelmente sobe. Pensar em uma forma de equilibrar os dois lados é difícil.
Trabalhar com fotografia é lidar o tempo todo com a sua autoestima.
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