Perfil Biográfico Fotógrafos | Heitor Shewchenko
Por Fábio Balbino | 3FM1 FPP 2023-1
8012 caracteres
Fotografar é uma das formas de expressão que literalmente pode salvar uma vida, e é isso que Heitor Carvalho Shewchenko me mostrou quando compartilhou comigo um pouco de sua história. Nascido em 30/05/1989 na cidade de São Paulo, Heitor se envolveu em um mundo que aos poucos o levou para o universo da fotografia.
Na época, fascinado por efeitos visuais, os famosos VFX, Heitor e seu irmão queriam aprender como fazer aquilo em seus próprios vídeos. Mas em um tempo sem muito acesso a informações e com menos acesso ainda aos equipamentos básicos para isso, só o que lhes restava era assistir tutoriais pelo YouTube. E ali ele conheceu sua primeira grande inspiração: Andrew Kramer. Até que de repente, uma reação em cadeia: o pai de Heitor falece, e com isso, ele recebe um dinheiro na qual ele usa para fazer uma viagem até a Dinamarca. Lá, ele acaba comprando sua primeira câmera com capacidade de gravação Full HD, a primeira versão da Canon 7D.
No entanto, ele não tinha como fazer os vídeos que tanto queria, já que ainda não tinha um computador potente o suficiente em mãos para criar os efeitos visuais que tanto lhe fascinavam. Com apenas a câmera nas mãos, Heitor decide tirar fotos; pessoas, festas, animais… E assim foi nascendo o que viria a se tornar a paixão pela fotografia.
Heitor volta ao Brasil. Mas ainda sem um computador com capacidade para trabalhar com VFX, ele continuou apenas com a fotografia. Estudou mais afundo, principalmente com fotógrafos americanos. Canais como Adorama e B&H Photos foram seus professores da vez. Até que ele se de para com Peter Hurley. Peter, um especialista em headshots, fazia diversos trabalhos corporativos, atores e atrizes, mas tudo isso sob um olhar e um estilo próprio, com utilização de equipamentos e configurações muito específicos que davam uma marca única em suas criações.
Encantado com o trabalho de Hurley, Heitor decide fazer seu curso e investir em seus primeiros equipamentos profissionais baseados no trabalho do fotógrafo. Cercado de amigos, colegas e conhecidos que trabalham no ramo de atuação, Heitor os convida para fazer fotos deles, e assim poder praticar suas habilidades com seu novo equipamento. Quando entrou em uma escola de atuação e viu que muitos dos alunos falavam sobre atualizar seus materiais com novas fotos, ali ele viu uma oportunidade.
Essa oportunidade logo se tornou realidade quando ele mesmo pagou por um serviço fotográfico que não atendeu suas expectativas, principalmente por perceber que ele mesmo poderia fazer algo com mais qualidade. E foi assim que ele começou a fazer seus primeiros trabalhos remunerados para seus colegas artistas. A arte sempre esteve presente na trajetória de Heitor enquanto fotógrafo.
E é como dizem: a arte salva. Mas aqui temos uma primeira ruptura: uma oportunidade de trabalhar com vídeos finalmente surge para ele. Agora com um computador que atendia suas necessidades, uma boa câmera e bons equipamentos, Heitor finalmente poderia trabalhar com o que desejava desde o começo.
Assim, a fotografia ficou de lado. Momentaneamente. Uma outra oportunidade sutil então aparece. Um site francês contratando fotógrafos brasileiros, pedindo apenas uma foto de comida como teste. Heitor decide tentar e é aprovado. Logo ele descobre que a empresa contratante se tratava da Uber Eats.
Heitor atendeu mais de sessenta restaurantes pela cidade de São Paulo e se tornou um dos principais fotógrafos da empresa. Trabalhando como freelancer e ganhando um valor justo diante da extrema qualidade de seu serviço, finalmente as coisas estavam andando bem.
Na mesma época, Heitor e sua namorada decidiram alugar um apartamento e montar seu próprio estúdio. Com o trabalho da Uber Eats acontecendo na frequência que estava, parecia o cenário perfeito… Até que a demanda de trabalho diminuiu drasticamente.
Agora, Heitor tinha um apartamento, um estúdio e nenhuma segurança financeira. Sem ter outra saída, Heitor começa uma divulgação massiva novamente para agalera da atuação. E nada como uma boa divulgação para atrair o tanto de atores e atrizes para lotar aquele estúdio.
E não parou por ali. Nomes grandes como Pepita, pessoas de outros ramos como corporativo, autores literários e músicos começaram a surgir. E no auge do sucesso de seu trabalho no seu próprio estúdio, chega uma pandemia que acaba mais uma vez com seu sonho.
Quando a pandemia nos atingiu, não apenas acabou com o estúdio de Heitor, mas quase destruiu sua saúde mental também. Heitor foi criado na natureza. Viveu no Pará na infância e depois em Salto, no interior, cercado de bichos, mato e natureza. De repente, ele se viu enclausurado em um apartamento sem praticamente contato externo nenhum. O risco de Heitor adoecer era grande.
Então Heitor começou a pensar em como ele poderia fugir daquilo. E eis que ele descobre mais dois grandes nomes da fotografia: Zak Noyle e Brent Bielman, fotógrafos de surfe. Heitor se via fascinado com os registros desses profissionais e acabou descobrindo uma paixão pelo mar e pelas fotografias esportivas. Porém, diante do cenário da época, era inviável para ele sair de São Paulo tanto por questões financeiras, quanto pela situação da pandemia.
Mas uma coisa era certa: o esporte seria o próximo local onde Heitor iria se aventurar com sua câmera. Mas sem poder sair da selva de pedra, o que ele poderia fazer? Heitor buscou mais uma paixão e encontrou o drift. Começou a fotografar carros.
Foi em alguns eventos de drift para praticar suas fotos e não demorou muito até seu talento ser reconhecido. Em pouco tempo, seu nome já corria na boca das equipes dos eventos e de pilotos que queriam muito seus registros. Também não demorou até ele conseguir uma oportunidade na Ducati graças ao seu trabalho nesses eventos. Esse foi seu último trabalho como fotógrafo no Brasil.
De forma bem resumida, além de tudo já citado anteriormente, dentre os principais trabalhos de Heitor, ele conta com um currículo de peso com empresas como: Ford Motors, Ducati, Uber, Kawazaki, e agências como Babel, Mobi, Moderna RJ e Heal MKT. Ele também se juntou com a produtora Selo, onde foi chamado por Maurício Meirelles para assumir a produção e coordenação de seu canal no Youtube.
Em 2017, dirigiu seu especial de Hoje Heitor busca novos horizontes, literalmente. Ele finalmente decidiu seguir um sonho antigo de ir para a Austrália, para ficar ainda mais conectado com a natureza e poder encarar os belos mares de outro continente, fazendo seus incríveis registros com seu olhar único. Lembra daquela paixão pelo mar que ele descobriu na pandemia? Quem diria que ele finalmente estaria realizando esse sonho em outro país. Em um dos mais belos do mundo.
Seu próximo passo consta com a entrada dele na comunidade do surfe da Austrália, conhecer as pessoas que fazem parte, conhecer a vida marinha, avida selvagem em geral e finalmente poder pegar sua caixa estanque para mergulhar de cabeça no mar.
A conexão com a natureza que todos os habitantes cultivam no país carrega muito da essência que dá vida para Heitor. Como ele mesmo diz: “o que é do homem, o bicho não come”.
Em outras palavras: não adianta tentarmos fugir do que nos alimenta, do que nos faz bem ou do que nós somos. É por isso que ele não resiste em seguir firme e forte com a fotografia. Toda essa jornada representa o que ele se tornou. E fica essa dica para você que também está lendo. Jamais tente fugir do que faz parte de você.
Eu ouso dizer que toda a trajetória cheia de tropeços, desafios, atos de coragem, erros e seus vários acertos finalmente valeram cada gota de sangue, suor e lágrimas. Heitor é um grande amigo para mim. Além de uma grande inspiração de perseverança, talento e coragem. E para mim não tem alegria maior do que poder vê-lo conquistando mais um grande objetivo e finalmente ouvi-lo dizer: “Eu quero ser um fotógrafo ao ar livre. Ou dentro da água ou debaixo do sol”. Você já é, Heitor. Já está dentro de você.
Website:
https://hsprod.myportfolio.com
Instagram:
https://www.instagram.com/heitor.shew