Perfil Fotógrafos | Fabio Placido

| Perfil Biográfico Fotógrafo | Fabio Plácido
| Por Giulia Seixas Roberto | 5FNI FTI 2024-2
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Fabio Plácido tem 48 anos, é natural de Santos e começou sua carreira na fotografia em 2000. Com uma trajetória diversificada, ele já atuou em vários segmentos, desde a fotografia corporativa à gastronômica. Sua paixão pela arte de fotografar o levou a explorar diferentes estilos e técnicas ao longo dos anos. Atualmente, Fabio reside em Lisboa, Portugal, onde continua a desenvolver seu trabalho e a capturar momentos únicos.

Giulia Seixas Roberto: Quando começou o seu interesse por fotografia?
Fabio Plácido: Em meados do ano 2000, fui com um amigo surfar na Praia do Tombo, no Guarujá; ele tinha acabado de ganhar uma câmera da Nikon, e eu levei um tripé que meu pai tinha, pois ele tinha uma câmera de filmagem. Só de olhar a câmera, fiquei apaixonado, mas foi no primeiro clique que a fotografia me conquistou. Naquela época, as fotos eram reveladas, então, além de ter me apaixonado pela máquina, me interessei muito em como funcionava. Tudo era muito incrível, desde o barulho do filme rodando à mágica do clique. Outros surfistas (mais ou menos três) vieram perguntar se eu estava vendendo fotos, com interesse em comprar, e assim surgiu o interesse pela fotografia. Eu tinha uma moto, e a primeira coisa que pensei em fazer foi vendê-la e comprar meus equipamentos; e assim começou minha paixão pela fotografia.

O que influenciou você na fotografia? Inspirações, pessoas, filmes, mercado etc.
Acredito que minha inspiração para a fotografia veio da paixão. Naquela época, não tínhamos muito acesso, pois não existiam muitos meios para pesquisa; no máximo, uma revista que era cara e conversar com colegas (que também eram poucos na época). Eu iniciei a fotografar com o surfe, e uma grande influência e inspiração foi Sebastian Rojas, que é do Guarujá e tem mais de 20 temporadas havaianas. Para mim, ele é o melhor fotógrafo do mundo. Henri Cartier-Bresson também é uma grande referência; ele é um fotógrafo francês que, em 1910, já era um grande fotógrafo. Eu me inspiro muito nas fotografias em preto e branco. Um fotógrafo que acompanho e admiro muito o trabalho também, é Clarck Little, ele fotografa ondas (na maioria das vezes sem surfistas) e começou sua carreira em 2007.

Como e/ou onde você começou a sua carreira?
Iniciei minha carreira fotografando no Quebra Mar (Emissário Submarino de Santos) em um campeonato. Naquela época, revelava e vendia as fotos por 0,60 centavos (cada foto). Eu tirava as fotos e ia até a Câmera Cine Brasil (loja do Sr. Orlando) para revelá-las e vendê-las na praia. Assim, iniciei minha carreira como fotógrafo. Ali foi minha escola; fui conhecendo outras praias, e assim tudo começou.

Possui alguma formação técnica ou acadêmica na área da fotografia?
Sou formado em Turismo, mas não possuo formação técnica na área de fotografia. Acompanhei e acompanho várias palestras e estudei muito (sempre estudei muito sozinho, antes mesmo de ter tanto acesso como hoje em dia). Por 5 anos, fui professor de fotografia no Camps, um centro de aprendizagem profissional e social em Santos.

Qual seu equipamento preferido?Existe algum item que você considera essencial?
Meus equipamentos preferidos são da marca Canon.
Antigamente via as lentes brancas nos campeonatos de surfe e sonhava em ter, e pude conquistá-la graças ao trabalho, após isso minha carreira deu um grande salto. Hoje, trabalho com cinco lentes diferentes, cada uma escolhida especificamente para o tipo de trabalho que realizo.

Como você vê o futuro da fotografia, especialmente com as redes sociais e a criação da inteligência artificial?
Em minha opinião, a fotografia está passando por uma mutação já faz um tempo. Acredito que isso tenha um lado bom e um lado ruim, mas, em minha visão, a fotografia em alguns segmentos não se usa mais. Por mais que, tecnicamente, você precise de equipamentos bons, hoje você consegue fazer fotos muito legais mais facilmente. As redes sociais desempenham um papel crucial nesse cenário, onde a autenticidade tem conquistado cada vez mais os clientes. Hoje, o que importa é o “real”, que muitas vezes é registrado pelos próprios usuários em seus celulares. Acho que, no momento em que o celular mandar um sinal para os flashes, muito pessoas não usarão mais câmeras, pois muito poderá ser feito pelo celular. Eu tenho um iPhone e, em alguns momentos, utilizo meu próprio aparelho. Sobre a inteligência artificial, considero interessante, mas acredito que ela nunca conseguirá substituir a inteligência e a emoção do ser humano. Sou um adepto da fotografia como ela é, mas reconheço que o tratamento, seja ele de cor ou Photoshop, é algo essencial para aprimorar o resultado final.

Qual foi o projeto fotográfico mais significativo e especial para você, e por que?
Tive dois projetos que considero muito especiais. Dar aulas por 5 anos para jovens de 16 anos no Camps, que buscavam e precisavam de aprendizado, foi uma experiência muito especial; foram só pontos positivos. Hoje, 3 desses alunos se tornaram fotógrafos profissionais, e isso, para mim, é algo inexplicável. Além disso, dava cursos na instituição nos finais de semana para público de todas as idades. Foi uma época muito boa. O segundo momento foi ter ganho o prêmio “Através das Lentes de Santos”, que é o maior prêmio de fotografia da Baixada Santista.

Tem alguma dica para alguém que tem interesse em começar uma carreira?
Estudar bastante, estudar o mercado, acompanhar tendências, entender sobre redes sociais. Não sou um fotógrafo que considera obrigatório ser especializado ou atender a somente um segmento; acho que você deve ser feliz! Ganhar dinheiro com o que gosta para garantir um bom equipamento (não necessariamente ter vários equipamentos, mas um que seja bom) e, assim, arrecadando dinheiro para equipamentos novos. Conversar com colegas que sejam criativos e possam te ajudar. A internet nos traz muitas coisas boas, mas também mostra pessoas que acham que sabem tudo, mesmo sem ter vivências que realmente enriquecem seu conhecimento. Além disso, fazer um curso com um bom professor em São Paulo ou Santos pode enriquecer bastante o aprendizado. Ser ajudante e começar “de baixo” é fundamental, pois permite aprender muito. Estar “no meio” faz toda a diferença.

Para mim, fotografar é uma paixão. Já pensei em desistir algumas vezes por questões financeiras, pois é um desafio. Hoje estou em Portugal e sobrevivo da fotografia há 20 anos. Muitos profissionais da área gastronômica me descobriram aqui, e isso tem trazido um ótimo retorno. Além da gastronomia, que adoro fotografar, também tenho me dedicado à fotografia de esportes, especialmente surfe, o que tem sido muito especial! “Fotografar, é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração” Henri Cartier-Bresson.

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