Perfil Fotógrafos | Ton Prans

| Perfil Biográfico Fotógrafo | Ton Prans
| Por Rebeca Lima | 5FN1 FTI 20224-2
| 7532 caracteres  

Entrevista com o fotógrafo Helton Santos, mais conhecido como Ton Prans.

Rebeca Lima: Qual foi o momento ou a experiência que acendeu sua paixão pela fotografia?
Ton Prans: A paixão estava ali, apenas esperando o momento certo. A soma redes sociais + boas câmeras de smartphones me fez perceber que talvez eu tivesse um bom olhar para a fotografia, então em 2014 pra 2015 eu decidi estudar sobre fotografia e sobre a possibilidade de ser um fotógrafo profissional. E assim começou, quando me senti confiante comprei equipamentos, 2016 eu fiz alguns trabalhos de graça e lá pra 2017 comecei a fazer meus trabalhos já cobrando alguma coisa.

Se você pudesse descrever sua jornada na fotografia como um filme, qual seria o gênero e por quê?
Terror ou drama provavelmente kkk. Piadas a parte, existe bastante dificuldades em ser um fotógrafo no Brasil, equipamentos caros, desvalorização, medo de assalto, etc. Existe também um tempo até você conseguir se estabilizar no mercado e ter o retorno do seu investimento. Uma aventura tradicional do tipo Jornada do Herói encaixaria bem, não apenas na minha mas na vida de diversos outros fotógrafos. Infelizmente a maioria dos profissionais desiste na fase da provação. Eu atualmente estou em uma fase de recompensas, muito grato por tudo e tentando manter aquilo que foi conquistado.

Quais momentos ou pessoas marcaram sua trajetória como fotógrafo(a) de maneira especial?
Tive pessoas próximas que foram muito importantes na minha trajetória, alguns fotógrafos que começaram junto comigo e outros que já estavam lá e me apoiaram. Eu nunca tive alguém famoso como inspiração, mas a ideia de empreender foi algo que meu pai fez (analfabeto, se tornou comerciante) e com ele aprendi a lutar pelas nossas próprias coisas.

Qual foi a fotografia ou projeto que você desafiou a explorar novas técnicas ou estilos?
Minhas influências fotográficas eram a maioria fotógrafos de fora do Brasil, então eles estavam sempre tentando inovar nas fotos com coisas criativas, isso me moveu muito no início e me ajudou a me destacar no mercado.Fotos em locais inusitados como ferro velho, locais abandonados, fotos no meio da rua. O uso de bastante iluminação e acessórios (fumaça, luzinhas, etc).

Você já teve influências inesperadas fora do mundo da fotografia que moldaram seu olhar artístico?
O cinema é o ápice do audiovisual, é praticamente impossível você não ser influenciado, mas eu trago outras influências também do audiovisual comigo, games e anime principalmente. Inclusive esse talvez seja o foco do momento, buscar referências mais absurdas e diferentes tais como em um anime mesmo.

Se o seu equipamento de fotografia fosse um superpoder, como ele te ajudaria a capturar o mundo de forma única?
Seria algo tipo Speedlight do Flash, tudo ao redor tá imóvel, mas você não. A fotografia traz um pouco disso, a capacidade de, por um instante parar o mundo. E também a capacidade de criar ou recriar memórias, nossas lembranças se baseiam muito naquele momento registrado, que nem sempre foi perfeito e feliz, mas na foto estará, e esse é o lado ruim também da fotografia, distorcer a realidade.

Dentro da fotografia, qual é o seu “território” preferido para explorar e o que o atrai?
Eu gosto da mistura de controle e caos. Nos ensaios eu gosto do controle, controlar a luz, a composição, a pose. E nos eventos eu gosto do caos, da correria, da tensão, de estar no meio da balada. Acho que preciso desse equilíbrio pra não ficar ou muito entediante ou muito estressante. Se será sempre assim? Não sei, algumas coisas que eu gostava inicialmente não gosto mais e o inverso também, tipos de fotos que eu achava ruim e hoje tenho outros olhos.

Como você vê o impacto das redes sociais e da tecnologia na evolução do mercado fotográfico?
Quando a fotografia saiu do analógico pro digital, muitos profissionais demoraram a aderir e ficaram para trás no mercado. Algo parecido tem acontecido com o avanço das redes sociais e da qualidade dos smartphones. As pessoas estão mais críticas, pois estão mais acostumadas a ver boas fotos em redes sociais e também a tirar fotos melhores com os smartphones. Então o profissional hoje em dia precisa entregar um resultado com qualidade e também estar atento a tendências e modismos atuais. Fotografar e filmar com smartphones é aceitável até profissionalmente hoje em dia e acho que o futuro caminha pra isso, quanto mais rápido e mais fácil melhor.

Para quem está pensando em mergulhar nesse mundo, qual seria a “clique” que você daria como conselho inicial?
Compre uma boa cadeira (rs) . Pode ser apenas uma brincadeira, mas existe uma verdade nela, tirar fotos é uma das coisas que você menos fará sendo um profissional de fotografia. Grande parte do nosso tempo é gasto na frente do computador, seja editando, cuidando do atendimento ao cliente ou de outras coisas como agenda e contabilidade. Então sim, compre uma boa cadeira, sua saúde agradecerá. Além disso, saiba planejar os gastos, fotografia é tudo caro e também é normal no início comprarmos coisas que não precisamos de verdade. Pesquise bastante antes de gastar. Um outro conselho que sempre dou é: nunca fique parado. Já vi diversos profissionais estagnados na sua profissão, não estudam mais, não buscam compreender o mercado e as novidades, e isso não apenas na fotografia. No fim acabam perdendo espaço e por final sendo obrigados a desistir.

Qual é o sonho ou o projeto fotográfico mais ousado que você ainda deseja realizar?
Um ensaio de fotos fora do Brasil, como meu mercado principal atualmente é o 15 Anos, eu tenho 3 desejos principais de locais para fazer fotos, um deles é na neve, nem precisa ser Suíça, pode ser Chile ou algo assim pertinho. O outro é Shibuya o famoso bairro no Japão. E claro o clichê que é Europa, Roma, Paris (na verdade eu acho Praga muito mais bacana). Junto com isso são as festas maiores, um desses sonhos / projetos foi realizado recentemente. Mas ainda tem um longo caminho a percorrer e alcançar.

Minha foto preferida.
Estranhamente minha foto preferida não é uma foto profissional, mas minha habilidade de fotógrafo foi que tornou possível eu tirá-la, é uma foto dos meus gatinhos em uma condição de luz perfeita. Agora profissionalmente eu fico com muita dúvida, então como boa pessoa indecisa que sou eu tenho duas. Uma é pela sensação de conquista, foi uma foto em um local especial, um castelo que tem no interior de São Paulo, foi em 2021. A outra é pela nostalgia talvez, umas das primeiras fotos que fiz e realmente gostei, foi em 2018 em frente a um Mcdonalds.

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