Fraude bilionária no INSS expõe fragilidade do sistema previdenciário

Entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões foram desviados de aposentados e pensionistas do INSS por meio de descontos ilegais realizados por sindicatos e associações. A fraude atingiu 4 milhões de beneficiários, incluindo indígenas, pessoas com deficiência e analfabetos, muitos sem saber que estavam sendo lesados.  

Casos como o de Humberto Machado, 67 anos, mostram a gravidade da situação. Ele percebeu que estavam descontando R$ 120 por mês de sua aposentadoria sem autorização. “É revoltante ver que meu dinheiro foi retirado sem meu consentimento”, afirmou.  

Outro caso é o de Gilson Barbosa da Silva, 57 anos, que descobriu os descontos ao verificar seu extrato bancário. “Me senti enganado. Tentei pedir ressarcimento, mas não tive resposta”, relatou. 

O escândalo gerou críticas ao sistema previdenciário, que já enfrenta desafios como a Revisão da Vida Toda – uma tese que permitiria que todas as contribuições feitas antes de julho de 1994 fossem consideradas no cálculo das aposentadorias. O STF validou a tese em 2022, mas a derrubou em 2024, gerando insegurança jurídica para milhares de aposentados.  

Para a estudante de Direito Estefani Lopes, o caso evidencia a fragilidade do sistema: “Esse escândalo só mostra como o sistema que estamos inseridos hoje é problemático e ineficaz. Os benefícios do INSS, mesmo sendo algo que deveria auxiliar para uma vida digna, hoje na maioria dos casos só são conquistados mediante ação judicial. Ou seja, além de ser muito difícil conseguir os benefícios e quase impossível obtê-los sem ajuda de um advogado, há uma instabilidade e uma insegurança que cresce a cada dia sobre o sigilo de seus dados e sobre as possíveis fraudes.” 

O governo busca formas de ressarcir os lesados, mas ainda não há um plano definitivo. Enquanto isso, cresce a pressão por uma reforma no sistema previdenciário que garanta mais transparência e segurança para os beneficiários.  

O escândalo do INSS expôs falhas administrativas e levantou um debate sobre a necessidade de mudanças estruturais na Previdência Social. Afinal, se o sistema que deveria garantir dignidade aos aposentados está sendo usado para fraudes, quem realmente está protegido?