Com 26 anos de dedicação ao jornalismo, Carlota Cafiero voltou às salas da ESAMC Santos, desta vez, como convidada. Em um encontro marcado por emoção, escuta e troca verdadeira, a jornalista compartilhou com os alunos sua trajetória em uma profissão que, para ela, vai muito além de noticiar: é contar histórias que atravessam gerações.
Carlota tem uma longa caminhada ligada à arte e à cultura. Desde muito jovem, entendeu que queria seguir o caminho do jornalismo cultural, uma escolha que moldou não apenas sua carreira, mas sua visão de mundo. Atuou por anos como repórter e também como professora, sempre com o mesmo propósito: mostrar que o jornalismo cultural é tão essencial quanto qualquer outro. Para ela, esse campo do jornalismo é uma semente poderosa na formação de leitores e cidadãos críticos, sensíveis e conectados com a identidade de um povo.
Mas sua luta nunca foi fácil. Carlota contou que, por diversas vezes, precisou defender o valor do jornalismo cultural em redações que o viam como algo menor.” Jornalismo cultural não é brincadeira, não é enfeite, muito o veem hoje, como uma espécie de perfumaria,”, disse, com firmeza e emoção. Sua missão sempre foi dar visibilidade à produção cultural local, especialmente em Santos, cidade pela qual tem profundo carinho e compromisso.
Durante a roda de conversa com os alunos, revelou com franqueza momentos decisivos de sua carreira, inclusive quando precisou abrir mão de oportunidades por acreditar em seus princípios. Em um desses episódios, recusou um convite feito pessoalmente por Otavio Frias Filho, então diretor da Folha de S.Paulo,uma escolha que exigiu coragem, mas que reafirma sua coerência e fidelidade ao propósito que guia sua jornada.
Além de jornalista e educadora, Carlota é mãe — e carrega esse papel com a mesma entrega com que escreve, ensina e resiste. Entre desafios e conquistas, segue comprometida em manter viva a chama do jornalismo cultural, lutando todos os dias para que ele tenha o espaço e o respeito que merece.
Na ESAMC, deixou mais que um testemunho profissional. Deixou inspiração, sensibilidade e a lembrança de que fazer jornalismo é, também, um ato de afeto e de responsabilidade com o mundo.