O jornalismo cultural não é brincadeira. Carlota Cafiero sabe disso melhor do que ninguém.
Jornalista e historiadora da arte, Carlota Cafiero conversou nesta segunda-feira (12) com estudantes de jornalismo sobre sua trajetória no jornalismo cultural. Com anos de experiência na área, ela compartilhou como os suplementos culturais moldaram sua visão de mundo e sua sensibilidade artística, destacando o papel dos críticos na formação do pensamento crítico e do público para as artes.
Para Cafiero, a cultura não deve ser tratada como algo secundário ou superficial, mas sim como um espaço de encontro e reflexão. Ela critica a forma como a imprensa frequentemente a classifica como soft news, quando na verdade deveria ser valorizada como essencial para a formação crítica do público.
A jornalista relembra um episódio que ilustra bem essa desvalorização: “Cobri um desfile das 8h da manhã até meia-noite. No dia seguinte, fui convocada para um plantão no fim de semana, mesmo tendo produzido diversas matérias sobre o evento. Então me disseram que ‘jornalista cultural gosta de brincar’.”
O jornalismo cultural não apenas divulga obras, mas também documenta processos criativos, incentiva debates e provoca reflexões. A crítica bem fundamentada, mesmo quando dura, contribui para o desenvolvimento da cultura e da sociedade.
O jornalismo cultural não é apenas sobre entretenimento, é sobre pensamento crítico, identidade e sociedade. E, como Cafiero bem lembra, merece ser levado a sério.