Perfil Fotógrafos | Mario Cravo Neto

Perfil Biográfico Fotógrafos | Mario Cravo Neto
Por Diego da Silva Souto – 3FN1 FTD 2022-2
3756 caracteres
Mario Cravo Neto nasceu em Salvador na Bahia no ano de 1947 e foi um fotógrafo, escultor e desenhista, tinha como campo de atuação a integração de dois principais conceitos, sendo eles a fotografia e a escultura que se entrelaçavam criando relações de corpo e objeto.
 
Recebeu suas primeiras orientações de suas áreas de atuação principalmente vindas de seu pai, Mario Cravo Júnior (1923-2018), que por sua vez, levou seu filho em uma viagem a Berlim para acompanha-lo ao programa Artists on Residence que era patrocinado pela Ford Foundation. Já mais velho, em sua adolescência mantinha contato com o fotógrafo Max Jacob e com o artista italiano Emilio Vedova (1919-2006) que serviram de inspiração para o início de seu trabalho na escultura e fotografia.
 
Em meados de 1968, decidiu mudar-se para Nova York e com a orientação de um dos percursores da arte conceitual da cidade, Jack Krueger (1941), passou a estudar na Arts Students League onde produziu suas primeiras esculturas de acrílico e fotografias em cores denominadas “On the Subway”.
 
Segundo Rubens Fernandes Júnior que também era fotógrafo e jornalista, as suas fotografias que eram feitas em preto e branco, acabavam por revelar a acuidade na descrição fotográfica, o que era feito pela utilização de luzes baixas, enquadramento fechado e foco crítico que passava a explorar as diferentes dimensões volumétricas e texturas, realçando o objetivo principal de cada fotografia. Consequentemente, transformando a sensação tátil em um aspecto interessante de seus trabalhos, enaltecida por esses jogos de claro e escuro.
 
Rubens também comenta que acredita que haja uma relação direta entre a arte de Cravo Neto com a do fotógrafo e etnógrafo Pierre Verger (1902- 1996), visto que ambos os trabalhos abordavam a possessão espiritual do corpo. O fotógrafo utiliza para compor a série Exvoto, que foi publicada em livro de 1986, esculturas votivas (que são partes do corpo esculpidas em madeira natural como representações de um milagre de saúde alcançado) que estão localizadas em Salvador na fundação Gregório de Mattos. Ao analisa-las, podemos ver que revelam uma grande sensibilidade ao uso da luz e na forma de valorização dos relevos, formas e entalhes de cada uma das peças.
 
Após isso decide retornar ao Brasil no ano de 1970, onde passa a fotografar sua cidade natal e também o sertão baiano, mas por uma infelicidade do destino, acaba sofrendo um acidente automobilístico após 5 anos e é obrigado a interromper as atividades profissionais durante um ano porque estava com restrições físicas e por isso dedica-se a fotografia de estúdio. Nesse mesmo período também passa a realizar trabalhos fotográficos com temáticas ligadas ao candomblé e a religião católica, além de também criar instalações para realiza-las.
 
Também podemos ver uma ênfase na frequente utilização de fragmentos do corpo humano em seus trabalhos e, por vezes, que são associados a objetos, ou a animais, o que dá um ar de estranho e um caráter ritualístico as fotografias. Os trabalhos de Mario Cravo Neto transitam entre a representação fotográfica e a plasticidade da escultura, juntamente com o universo religioso e místico, a liberdade imagética. Pensamento que é ressaltado pelo crítico Casimiro Xavier de Mendonça (1947-1992) que ressalta que não há narrativa, nem documentos, nem antropologia nos trabalhos de Cravo neto. É o simples investimento visual que acentua a relação do desconhecido com o homem a partir de relações surpreendentes, opostas pelo corpo e objeto. Contudo, por infortúnio de sua má saúde no fim de sua vida, veio a deixar-nos em 9 de agosto de 2009 em decorrência de um melanoma (câncer de pele).