Perfil Fotógrafos | Marcio Fabian

| Perfil Biográfico Fotógrafos | Marcio Fabian
| Por Vitor Hugo Silva | 3FM1 FTI 2023-2
| 5511 caracteres

Marcio Fabian, mais conhecido como Fotógrafo da Nação, é um fotógrafo carioca que ficou conhecido por representar, através de suas lentes, a Nação Rubro-Negra, assim como a comunidade do samba carioca. De experiências fotográficas que vão da grande metrópole, das favelas, até o interior do Rio de Janeiro, mais especificamente Resende. De muita coragem e humildade, o seu espaço no meio fotográfico é resultado de sua vontade e persistência.

Desde pequeno, o menino Marcio já possuía interesse pela fotografia, mesmo sem ter referências familiares que fossem do meio. Com 14 anos foi presenteado com dinheiro, que o possibilitou a comprar uma câmera Kodak, e, junto de seus amigos, começou a fotografar e registrar as fotos das viagens que juntos faziam.

Com 2 Grau completo, o mesmo sempre achou um absurdo ter de fazer faculdade para virar fotógrafo, mas, estudando e pesquisando, descobriu ser possível tirar o registro como fotógrafo no Ministério do Trabalho caso tivesse 6 meses de fotos publicadas, e foi o que ele fez. Dentre as suas áreas de atuação, tem como destaque o fotojornalismo e a assessoria de comunicação, freelance para INB (Indústrias Nucleares do Brasil, em Resende). Assim como também na área esportiva, que é de onde surgiu a alcunha do fotógrafo.

Como seus equipamentos de trabalho, Marcio possui 2 câmeras Nikon, uma D90 e uma D750, e, além das lentes normais, uma tele 35-105mm. E, ao trabalhar nos estádios, principalmente no Maracanã, ele não leva tantos equipamentos, justamente “por seu uma área complicada, de tumulto e muita gente”, segundo ele. Como havia falado anteriormente, existia a tarefa de publicar fotos durante 6 meses, e, mesmo cedendo as fotos de maneira gratuita, era muito complicado.

Porém, a sua primeira foto publicada (pelo jornal O Povo, do Rio de Janeiro) foi resultado de uma ingenuidade misturada a coragem e esperança por dias melhores, isso porque, após ouvir de sua namorada (ambos na praia de Copacabana), que “teve tiroteio no morro, e que tem corpos espalhados por tudo quanto é lugar”, Marcio, sempre com a máquina, que andava com o equipamento para cima e para baixo, não pensou duas vezes, e foi para lá. Subiu o Morro do Pavão (também conhecido como Morro do Cantagalo ou Pavãozinho) com equipamento e tudo, e conseguiu fazer a foto (da qual infelizmente ele não conseguiu me mostrar por motivos de correria).

E detalhe: No decorrer da busca por essa fotografia, o chefe do tráfico daquela região onde Marcio ficou estava na escadaria! O fotógrafo foi xingado de tudo e mais um pouco, inclusive de “urubu”. Após o registro da fotografia e das contínuas ofensas, felizmente nada mais grave o aconteceu, mas se perguntou “caraca, e agora para sair daqui?”, e foi quando o carro da polícia civil e do delegado chegou, e que após trocas de figurinhas, ele conseguiu descer junto deles. E, após descer do morro, foi até o jornal, e conseguiu a sua primeira foto publicada.

Vitor Hugo – Quais os desafios o profissional de fotografia tem pela frente na atualidade, em sua opinião?

Márcio Fabian – Desafio a gente sempre teve né, você é sempre bem-visto quando você bota uma pessoa na coluna social, divulga um novo trabalho de uma pessoa. Agora, a partir do momento que você faz uma denuncia, o seu trabalho mostra alguma coisa que está de errado, seja numa prefeitura, numa área de saúde, seja o que for, você é visto como um inimigo da cidade né, ainda mais eu, que trabalhei em cidade pequena, eu sei bem disso.

No Rio de Janeiro, como é uma cidade grande, você não sabe nem quem é a pessoa que fotografou, mas para quem morou no interior e trabalhou no interior, era bem complicado. Todo mundo queria sair na coluna social do Jornal O Dia, mas, se acontecesse de certo dia, um restaurante, que foi denunciado pegando comida estragada, alguma coisa assim, cara, você arranjava um inimigo para o resto da sua vida na cidade.

(VH) Qual o seu conselho para quem quer começar nessa carreira?

(MF) Primeiramente escolher a área que você quer trabalhar, acho que isso é essencial. Escolher uma área que vai te agradar, porque o leque dentro da fotografia é imenso, você tem fotos de natureza, esporte, política, produtos, então, você escolhendo isso, eu, particularmente, adoro a área de fotojornalismo, saber que você consegue, através da fotografia, mudar alguma coisa, juntamente com o repórter. Correr atrás sempre, não desistir, tomar cuidado com os equipamentos, não ter medo, sabe? De ameaças, mais na área de fotojornalismo. Vai sofrer ameaças, às vezes sérias mesmo. E sabe, se é o sonho mesmo, não desista, porque vale a pena.

(VH) Como é receber essa alcunha de Fotógrafo da Nação? Registrar através das lentes um time e uma torcida de tamanho continental?

(MF) É uma honra, são duas paixões que, lógico, tem a sua família principalmente, mas trabalhar no que gosta e com um time que você gosta, com a torcida, esse negócio todo, estar no braço da Nação, aonde eu vou, sou sempre bem recebido, tenho mais de 150 camisas de torcida não oficiais, de torcidas de comunidade, asfalto, é uma felicidade muito grande, eu vou com maior prazer. E eu queria ter condição de ir pra fora do Rio de Janeiro. Já me chamaram para Brasília. E eu queria ter a oportunidade de visitar cada núcleo, cada torcida do Flamengo espalhada pelo país e até fora do país!

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