Todo dia com gás

Por Joyce Fernanda Souza/AES

 
Quando me aproximei de Eduardo Velozo ele já estava cercado de pessoas com seus bloquinhos e gravadores. Com cautela eu me aproximei e observei-o, aos estudantes e como a redação ao redor daquele grupo se movia.
 
Atrevo-me até a dizer que parecia que ali dentro daquele espaço onde conversávamos/entrevistávamos, o tempo era diferente para cada um de nós. Cada minuto era diferente em cada grupo de conversa.
 
Jornalista, advogado, escritor, corintiano e pai, Eduardo Velozo Fuccia, que há 25 anos enfrenta a tarefa de fazer jornalismo diário e policial, na noite do dia 20 de setembro dedicou alguns minutos para falar com uma turma de futuros jornalistas, na redação do Jornal A Tribuna.  Mostrou-se calmo e paciente até mesmo para responder a perguntas redundantes ou que não faziam muito sentido.
 
No tempo em que fiquei acompanhando os meus colegas entrevistarem Eduardo, ele falava de sua carreira e de como era fazer a parte policial. Fez questão de frisar que, como jornalista, precisamos, que ter cautela com o “poder” que temos em nossas mãos. Uma frase ou até mesmo uma palavra fora de contexto pode ter efeitos colaterais irreversíveis, tanto para quem escreveu a matéria como para a quem a matéria está se referindo. “Matar a reputação de uma pessoa não tem preço. Todos sabemos que, em um minuto, muita coisa pode acontecer e todo mundo trabalha para ser o primeiro na nossa área. Temos que lutar contra isso, mas mesmo assim ainda temos que ter atenção para não publicar fatos não comprovados e sempre guardar uma carta na manga. Quando um fato acontece, tem de ser publicado no site para não perder o furo, mas para a publicação do dia seguinte você tem que dar um pouco a mais para o leitor, assim ele vai continuar tendo aquele jornal como referência disse Velozo.
 
Com relação ao jornalismo que ele faz, o jornalista nos deu algumas dicas que podem fazer muita diferença na construção de uma boa matéria. A primeira dica foi transmitir confiança e credibilidade, mesmo se a pessoa não estiver disposta a falar ela pode dar até mesmo uma dica valiosa. A segunda, humildade, respeito, ser educado com todos, e isso nos leva para a terceira dica, quando ele nos disse que não podemos ter preconceito e só ouvir a fonte oficial, pois ela maquia a verdade e não passa toda a versão dos fatos. “Na rua tem o pipoqueiro, a puta, […] no esporte, o massagista, o porteiro, o roupeiro. Eles podem dar informações que rendem notícia. Jornalista sem fonte não é jornalista”, declarou ele, que também lembrou que é com o tempo se constrói relações de confiança com suas fontes.
 
Sai daquela entrevista com mais vontade ainda de fazer jornal diário e com uma frase que o próprio Eduardo Velozo disse e que dá título à essa matéria: “Chego aqui todos os dias com o mesmo gás que vocês têm. Chego com gás de estudante”.