Perfil Fotógrafos | Martím Chambi

Perfil Fotógrafos | Martím Chambi
Por Helena Pájaro | 2018-1
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Martím Chambi foi um fotógrafo de origem indígena e inca nascido em uma das regiões mais pobres do Peru, em Puno, no final do século XIX, mais precisamente em 5 de novembro de 1891, seu nome completo era Martín Chambi Jiménez. O seu pai decidiu que ele e sua família iriam se mudar para a província de Carabaya, e lá foi trabalhar em uma mina de ouro. Próximo essa mina havia a mina de Santo Domingo, nesta mina Chambi aprendeu os rudimentos da fotografia, tomou tanto gosto que a assumiu como um ofício. Com 17 anos foi para Arequipa, cidade do Sul de Peru, onde a arte da fotografia progredia no sentido de termos estilísticos e técnicos.
 
Chambi trabalhou com o fotógrafo Max T. Vargas durante 9 anos. Após o longo período de aprendizado com Vargas, abriu seu próprio estúdio em Sicuani, no mesmo ano, em 1917, teve seus primeiros cartões-postais publicados. Após 6 anos, abriu seu novo estúdio em Cusco, onde seu trabalho foi crescendo, começou fotografando figuras importantes da sociedade e até compatriotas indígenas.
 
Com seu crescimento pela vontade de explorar o mundo e fotografar, começou a realizar viagens constantes e frequentes pelos andes, lá captou imagens impressionantes de ruínas incas, como seus habitantes e as cores locais das paisagens desoladas. Chambi teve o poder de intercalar a tradição europeia, próxima da pintura, com os retratos em estúdio. Em suas fotografias de registros de viagem, Chambi tinha um olhar único considerado antropológico e simultaneamente terno, a respeito do lado mais esquecido do país, que é habitado pelos povos de origem pré-colombiana. Tinha uma característica de uso da luz natural e avantajava as imagens e os personagens que eram retratados. Já foi dito que o fotógrafo tinha uma espécie de frescor pós-colonial, magia, impunha profundidade, sua personalidade às fotografias das pessoas, paisagens e monumentos arqueológicos imersos na vastidão solitária dos Andes. Mario Vargas Llosa, jornalista e escritor peruano, certa vez se referiu ao fotógrafo da seguinte forma: “ A magia de Chambi pulsa em suas fotografias”.
 
O povo de língua quechua transformou Chambi em seu fotógrafo símbolo, ele que deu voz a uma estranha melancolia do homem andino. Em uma exposição feita em Santiago e Vinã del Mar, no Chile, em 1936, Chambi declarou: “Meu povo fala através das minhas fotografias”. Chambi foi considerado um dos protagonistas da Escola de Fotografia Cusqueña. Estima-se que ele expôs em vida no mínimo dez vezes, no seu país natal e fora dele.

Alguns críticos dizem que o trabalho de Chambi tem seu lado comercial, que inclui retratos encomendados, ao ar livre e estúdio, como grandes retratos de grupo e outras informações pessoais. Chambi foi, o primeiro fotógrafo a registrar a cidade de Machu Pichu, descoberta em 1911. Martín Chambi foi casado com Manuela Lopez Visa, com quem teve 6 filhos, Célia, Victor, Júlia, Angélica, Manuel e Mery, Júlia Chambi foi sua única filha a se tornar fotógrafa.

Martín Chambi Jiménez faleceu em 18 de setembro de 1973 em Cusco no Peru, com aproximados 72 anos vividos, marcou um grande legado na fotografia, considerado uns dos pioneiros em seu país pois retratava o real do seu povo, que até então era desconhecido, mas Martín fez uma história muito bem marcada, que até hoje é lembrada em exposições. Infelizmente muitas fotografias permaneceram desconhecidas até sua morte, algumas ainda esperam pesquisas mais profundas para vir a luz.

Analise da fotografia “Pequeno mendigo”. Comentando sobre a técnica desta fotografia, é possível dizer que foi usado muita luz, pois está nítido a expressão do garoto, os detalhes das roupas surradas, aliás o foco é completamente ao garoto. Imagino que isso tenha sido um dos “cartes de visita” da época, em que o fotógrafo retratava uma determinada pessoa, as vezes um camponês, porem vestido de doutor ou algo que fosse parecer mais “superior”. Deduzo que Chambi tenha pego esse garoto, mendigo de Cusco, para retratar a situação do lugar em que o garoto vive, ele não demonstra uma felicidade, ou estar vivendo em algum lugar confortável, suas vestimentas de certa forma também entregam a realidade do menino.

Martín Chambi foi muito lembrado pela população de sua região, por retratar o povo, por mostrar aquele povo que sempre foi tão desconhecido, e ele dava um certo valor a aquele povo, olhava com um olhar de humildade e creio eu que ele fez o mesmo com este garoto. Este pequeno mendigo, uma criança, não deveria passar por situações tão precárias, mas Chambi quis retrata-lo, porque sabemos que por trás de cada fotografia tem sua história, é quase certeza que nunca saberemos a história deste garoto, mas sabemos que é também quase certeza que Chambi ao retrata-lo quis que ele fosse lembrado. E hoje ele entrou para a história e ao passar do tempo, cada vez mais pessoas irão “conhecer” este garoto, o “pequeno mendigo”.

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