Perfil Fotógrafos | Sebastião Salgado

Perfil Fotógrafos | Sebastião Salgado
Por Camila Gracieri | 2018-1
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Sebastião Ribeiro Salgado Filho é um importante e conhecido fotografo da atualidade no Brasil e no mundo, nasceu no Brasil no ano de 1944 no dia 8 de fevereiro na cidade de Aimorés em Minas Gerais. Formado em economia pela universidade Federal do Espírito Santo (1964-1967) e realizou pós-graduação na Universidade de São Paulo, em 1971 trabalhou para organização internacional do café em Londres.

Em suas viagens de trabalho para a África, muitas vezes encomendado conjuntamente pelo Banco Mundial, ele fez sua primeira sessão de fotos com a Leica da sua esposa. Fotografar o inspirou tanto que logo depois ele tornou-se independente em 1973, como fotojornalista e voltou a Paris. Em 1979, depois de passagens pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum.

Encarregado de uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, Salgado documentou o atentado a tiros cometido por John Hinckley, Jr. contra o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan no dia 30 de março de 1981,emWashington.
 
A venda das fotos para jornais de todo o mundo permitiu ao brasileiro financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à África. Seu primeiro livro foi Autres Ameriques, de 1986, logo em seguida publicou Sahel: O “Homem em Pânico” (também publicado em 1986), resultado de uma longa colaboração de doze meses com a ONG Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África. Entre 1986 e 1992, ele concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome “Trabalhadores rurais”, um feito monumental que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha.
 
Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem contribuído generosamente com organizações humanitárias incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Com sua mulher, Lélia Wanick Salgado mais de 1,7 milhão de árvores foram plantadas para reflorestar parte da Mata Atlântica entre Espírito Santo e Minas Gerais. Por essa iniciativa, o  fotografo  Sebastião  Salgado  e  sua  esposa,  Lélia  Wanick,  receberam o Prêmio-E na categoria Educação na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) Rio+20, no Rio de Janeiro.
 
Em setembro de 2000, com o apoio das Nações Unidas e do UNICEF, Sebastião Salgado montou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo. Essas impressionantes fotografias prestam solene testemunho a 30 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria delas crianças e mulheres sem residência fixa. Em outras colaborações com o UNICEF, Sebastião Salgado doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança e para ilustrar um livro da moçambicana Graça Machel, atualizando um relatório dela de 1996, como Representante Especial das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados sobre as Crianças. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, ele está documentando uma campanha mundial para a erradicação da poliomielite.
 
Foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, “Amazonas Imagens” , que representa o fotógrafo e seu trabalho. Ele e sua esposa Lélia, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros, vivem atualmente em Paris. O casal tem dois filhos, o maior Juliano Ribeiro Salgado, dirigiu o documentário O Sal da Terra sobre o seu pai com Wim Wenders que foi indicado ao Oscar 2015 de melhor documentário.
Seus principais livros são:
  • Other Americas (Outras Américas, 1986), que trata das condições de vida dos camponeses latino-americanos;º
  • Sahel: L”Homme en Detresse (Sahel: o Homem em Agonia, 1986) que aborda a seca na região africana do Sahel;
  • Trabalhadores (1993), sobre a  mudança  nas  relações  de  produção  do trabalho manual;
  • Terra (1997), que mostra a pobreza e a questão agrária no Brasil.
Principais prêmios de Sebastião:
  • Prêmio Príncipe de Asturias das Artes (1998);
  • Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária;
  • Prêmio World Press Photo;
  • The Maine Photographic Workshop ao melhor livro foto-documental;
  • Eleito membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciência’ nos EUA
  • Prêmio pela publicação do livro Trabalhadores;
  • Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos;
  • Prêmio Overseas Press Oub oí America:
  • Alfred Eisenstaedt Award pela Magazine Photography:
  • Prêmio Unesco categoria cultural no Brasil.
Documentário O Sal da Terra
 
O documentário foi produzido por Wim Wenders e teve a codireção de seu filho Juliano Ribeiro Salgado, o documentário mostra um pouco mais sobre a obra de Sebatião, mesclando também com o depoimentos de Sebastião sobre seus trabalhos e os sentimentos que se misturaram, o documentário foi indicado ao OSCAR 2015 de melhor documentário.
É difícil não se abalar com algumas das fotografias tiradas na Etiópia, em Mali, em Serra Pelada e principalmente em Ruanda, que ele mesmo define como o “inferno na terra” (a situação de conflito, não o país). É impressionante ouvi-lo falar sobre deixar um trabalho com a alma doente. Foi um documentário aplaudido pela critica por sua realidade, e por mostrar a obra de Salgado.
 
Sebastião é conhecido em todo o mundo e teve uma de suas obras e fotos publicadas no New York Times e também na folha de São Paulo. O motivo de todas suas obras serem preto e branco remete a uma técnica importante, a ausência de cor, significa ausência de informação, isso demonstra a clareza da imagem, da situação, isso chama a atenção para nós apreciadores da fotografia perceber o impacto do momento retradado.
 
“Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia. A partir desse momento, eu comecei a ver as coisas realmente em branco e preto”, afirma o fotógrafo Sebastião Salgado.
 
Obra escolhida: Outras Américas de 1986. Escolhi essa obra  por ter despertado um sentimento no meu coração tão diferente, por demonstrar a realidade, a verdade, por ser fotografias que expressam sentimentos, histórias sem ao menos precisar serem ditas, mostra a realidade que muitos de nós não sabemos que existe por ser tão “ausente”, desperta curiosidade, interesse, uma obra que podemos considerar antiga, mas tão atual, anos se passaram e a realidade continua a mesma.
 
De 1977 à 1984, após alguns anos de peripécias na Europa e na África, Sebastião Salgado viajou muitas vezes à América Latina, viajando do litoral tórrido do nordeste brasileiro às montanhas do Chile e da Bolivia, ao Peru, Equador, Guatemala e México, através do misticismo indescritível do sertão brasileiro, com seus homens vestidos de couro e sua luta feroz pela sobrevivência em terras tão áridas, tão pobres, e em tal medida, refúgio espiritual de todo um país. Percorreu a Serra Madre e sua névoa densa, seus cogumelos e peyotes mágicos, seus mortos tão vivos; aquele lugar onde é tão difícil saber se somos deste mundo ou de outro, em que a morte é irmã inseparável da vida cotidiana.
 
Os sete anos despendidos em produzir estas imagens transcorreram como uma viagem de sete séculos no passado, para observar, desenrolando-se num passo lento e arrastado – o qual marca a passagem do tempo nesta região – todo o fluxo de culturas distintas, tão semelhantes em suas crenças, perdas e sofrimentos.
 
Estas imagens foram apresentadas no livro Outras Américas, publicado em 1986 em várias edições, acompanhado de uma exposição que ainda hoje, continua circulando internacionalmente.
 
“Acho válida uma nota sobre meu ponto de vista e meu sentimento sobre esse trabalho. Levando em consideração o fato de não conhecer nada sobre o fotojornalista, esse trabalho despertou um sentimento e uma completa admiração sobre o uso que ele faz da fotografia, no próprio documentário ele relata que o fotografo é aquele que desenha o mundo com a luz e as sobras, fiquei completamente encantada pelo trabalho, visto minha falta de tempo de obter informações, e pesquisar, achei válido, e de grande importância e valor para agregar aos meus conhecimentos, se tornou um fonte de admiração o trabalho de Sebastião Salgado.
 
E um dia a fotografia fez uma invasão total na minha vida. Tornei-me um fotógrafo, abandonei tudo e tornei-me um fotógrafo, e comecei a fazer a fotografia que era importante para mim. Muitas pessoas me dizem: você é um fotojornalista, você é um fotógrafo antropologista, você é um fotógrafo ativista. Mas fiz muito mais que isso. Coloquei a fotografia como minha vida. Vivi completamente dentro da fotografia, realizando projetos de longo prazo”. – Sebastião Salgado.