Perfil Fotógrafos | Christian Petersen-Clausen

Perfil Biográfico Fotógrafos | Christian Petersen-Clausen
Por Felipe Baracho | 3FN1-FTD 2019-2
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Christian Petersen-Clausen é fotógrafo profissional, produtor, designer gráfico e diretor de arte alemão com residência em Shanghai, na China. Nascido e criado na Berlim da época do muro, Christian assistiu atônito aos desdobramentos da queda. Segundo ele mesmo, isso ajudou a desenvolver nele desde aquela época uma forte curiosidade  em  descobrir como as pessoas comuns vivem em lugares diferentes, não-convencionais e isolados.

Em 1999, após concluir a duração de seu curso de ensino essencial obrigatório na Alemanha, tornou-se expatriado e nunca mais voltou ao seu país de origem. Após, de 1999 a 2009, passou 10 anos nos Estados Unidos, estudando design gráfico e trabalhando para campanhas e desenvolvimentos de publicidade, onde logo alcançou o posto de diretor de arte, passando a dirigir ele próprio as campanhas.

No decorrer de seu trabalho, foi designado para algumas atividades na China, o que, ao relembrar-se de seus primeiros anos de vida, aguçou sua curiosidade sobre o país, lembrando-se de todo o interesse  que tinha em observar a vida do cidadão comum destes países tidos como diferentes.

Com estas circunstâncias, concomitantemente a sua estada no país, passou  a  registrar  estes  momentos  com  câmera  em  punho,  ingressando, assim, num florescente fotojornalismo, ousado e ambicioso, mas ainda amador. Seu interesse foi crescendo a ponto de decidir mudar-se de vez para Shanghai, na China, trilhando um caminho cada vez mais autônomo. Da direção dos comerciais publicitários logo passou a produção de documentários, materiais e investigações fotográficas por onde quer que viajasse, mas principalmente na Ásia.

Nesse percurso de perseguição pelo desconhecido, seu ponto alto foi a viagem para a RPDC, ou como é conhecida mais comumente, a Coreia do Norte. “Eles olhavam para mim como se eu fosse o Elvis e tivesse acabado de descer da lua”, disse ele, de certa forma surpreso e espantado.
Durante sua visita ao país, acompanhou os eventos e comemorações do feriado do “Dia da Liberação da Coreia”, data que celebra a libertação da Coreia do domínio colonial japonês com danças, celebrações, encenações e passeatas num dia de total comoção nacional, onde basicamente não há nenhum estabelecimento aberto e toda a população dirige-se para a participação nestes atos, o que, para sua sorte, concedeu-lhe ótimas oportunidades para fotografias que ainda hoje ressoam nas mídias ocidentais, como fotos de um casamento tradicional coreano, crianças a brincar no feriado, danças coletivas tradicionais em paradas pelas ruas, piqueniques entre as famílias coreanas e afins.

No país, notou muitos pontos que estimularam sua antiga curiosidade, observando as semelhanças e diferenças do povo norte-coreano com o exterior. Percebeu que há, sim, a inegável presença de tecnologia, com celulares tão altivos quanto os ocidentais, com “capas fofas como se pode ver em toda a Ásia”, segundo o próprio. Pen-drives, novelas e mídias estrangeiras e muito além do que a mente de um estrangeiro teria sequer imaginado antes de ver com seus próprios olhos.

Por outro lado, pôde notar uma vida simples no interior, a militarização grande (e ainda crescente) por toda a nação, com homens e mulheres meticulosamente uniformizados em praticamente todos os lugares. Nesta viagem, em conjunto com um esforçado trabalho no registro fotográfico da pandemia na China, mais especificamente em Shanghai, Petersen-Clausen apontou para a realidade que tanto queria desvendar, encontrando o olhar de cidadãos vivendo em uma situação de isolamento muito mais aguda do que o que poderia ser visto em praticamente qualquer outro país do globo, gerando uma série de documentos e materiais ainda em produção e desenvolvimento por parte de Christian, numa interessada e profunda busca pelo registro e compreensão correta do que se passa nestes dois países.