Perfil Fotógrafos | Ella Durst

Perfil Fotógrafos | Ella Durst
Por Luiza Pazzini Bravo – FPP 2021-2
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Ella Durst nasceu no ano de 1951 na cidade de São Paulo e é filha do Walter George Durst, um renomadíssimo autor e cineasta brasileiro que passou por diversos canais de televisão com obras aclamadas como a novela Gabriela, e da premiada atriz de teatro, cinema e televisão, Bárbara Fazio. A partir desta informação já podemos imaginar de onde veio sua veia artística.
 

Incentivada pelos pais desde cedo a ter independência, Durst já tentava se encontrar em alguma carreira, quando iniciou, na adolescência, aulas de piano com ninguém mais, ninguém menos que Magda Tagliaferro, a maior pianista brasileira. Entretanto, ela já sentia conexão com a fotografia, acumulava revistas pelo quarto e admirava as fotos por volta dos seus 15 ou 16 anos. Aos 17, Ella entrou na USP no curso de cinema na Escola de Comunicação e Artes (ECA), onde, no campus, conheceu o laboratório de fotografia e se encantou com as técnicas que eram utilizadas para revelarem as fotos.

 

Frequentava cada dia mais esse espaço, e, com o tempo, o utilizou para fazer ampliações de fotos para seus colegas e ganhar dinheiro, com o qual comprou sua primeira câmera, uma Leica R de segunda mão. Se formou em cinema aos vinte anos, porém cada vez estava mais apaixonada por fotografia. Tanto que estudou na escola Enfoco, localizada em São Paulo e responsável pela formação de uma geração de bons fotógrafos e pioneira no uso de diferentes metodologias de ensino.

 

Nesse contexto, ela se dividiu em dois empregos na época, o primeiro, na Tv Cultura, onde atuava como cinegrafista e assistente de produção de televisão, e foi convidada pelo professor Carlos Moreira, que lecionava para ela na faculdade anteriormente, adar aulas de fotografia, já que ele não dava conta de todas as turmas.

 

Para poder dar aulas, Ella Durst fez pós-graduação, também na USP, de Semiótica, e lecionou a matéria de fotografia até se dar conta que não gostava tanto assim de dar aula, segundo ela, não tinha perfil para a vida acadêmica. Seu sonho, na realidade, era abrir seu próprio estúdio e ser profissional. Sua primeira oportunidade foi quando ainda era cinegrafista na TV Cultura e visitou o apartamento da famosa fotógrafa Claudia Andujar para uma matéria.

 

Ella contou ue era fotógrafa também e foi encorajada por Claudia a mostrar suas fotos pois ela estava com uma exposição no MASP para jovens talentos. E deu certo, as fotos foram usadas na entrada da exposição.A partir de então, não parou mais, foi indicada por Pietro Maria Bardi, criador do MASP, para fazer freelas para a Vogue, quando ela fotografou noivas.

 

Em 1975 abriu seu primeiro estúdio de fotografia e entrou no mundo da publicidade, sendo considerada uma das fotógrafas mulheres pioneiras no ramo, já que esse mundo até então era predominantemente masculino e preconceituoso. Durst entrou nesse mundo através da publicitária Magy Imoberdorf, que analisou suas fotos e a encorajou.

 

Então, ela percebeu que havia um mercado muito bom a ser explorado na publicidade, o de lingeries, onde os homens tinham um pouco mais de dificuldade de entrar, para agência e para o cliente era mais confortável ter uma fotógrafa mulher. Não é à toa que Ella foi referência nessa área, e participou da parte fotográfica da famosa campanha de 1987 da Valisere: “Meu Primeiro Sutiã”. Além do nicho de lingerie, Ella também fez muita publicidade com bebês, trabalhando muito com a Johnson’s.

 

Outro marco também são suas campanhas ousadas para coleções de joias, calendários da General Motors com modelos nuas e inúmeros trabalhos para varejo, que muitos torciam o nariz, porém ela nunca rejeitou. Suas fotos já foram publicadas inclusive na revista Bloom, uma revista Holandesa. Em 1995 se tornou diretora da Abrafoto e de 1998 a 2002 foi presidente da Associação.

 

Suas grandes inspirações na fotografia são os fotógrafos Irving Penn, Edward Teichen e Sarah Moon e seu grande diferencial é seu olhar diferente, que expressa muita feminilidade, traz cores e criatividade, mas, sem dúvidas também é a forma como ela traz assuntos geralmente trabalhados de forma erótica, com muita poesia e explora seu olhar feminino.