Perfil Fotógrafos | Helena Cooper

Perfil Fotógrafos | Helena Cooper
Por Fernanda Lotito | FPP 2021-2
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Helena nasceu no Rio, mas passou parte da infância em Mury, Friburgo, onde pode ter muito contato com a natureza desde cedo e onde parte de seu imaginário onírico foi criado, onde desde sempre brincava sozinha ou com seu irmão. Seus pais sempre gostaram muito de viajar pelo Brasil, praias e parques, e por isso também tem essa intimidade com anatureza. Formada em biologia pela UFRJ em 2014 e trabalhou com comunidades indígenas e quilombolas através da linha da etnobiologia e agroecologia. Iniciou seus estudos visuais na Trilharte, em 2008.

Cursou Fotografia Expandida, na EAV, em 2013,onde, a partir de então, vem mesclando as interferências fotográficas à etnografia e fotografias de natureza. Fez uma viagem de campo de dois meses para uma aldeia Kuikuro no Alto Xingu em 2014com o antropólogo e cineasta Carlos Fausto – que era seu orientador de projeto na época. Ambos estavam com suas câmeras fotográficas e essa experiência de registrar os trabalhos do dia a dia dos indígenas e ainda documentar tantas belezas a enchia de vida e inspiração.

Logo que se formou na Biologia, decidiu dar um tempo nas pesquisas propriamente biológicas e abrir mais espaço para entender esse gosto tão grande por registrar as camadas de belezas e lembranças que passavam por seus olhos. Nesse momento, conheceu o fotógrafo Ricardo Azoury que, em algumas trocas bastante afetivas e familiares com ele e sua companheira Juliana, teve a oportunidade de aprender a fotografar com um pouco mais de técnica.

Decidiu ir para Buenos Aires em 2015 estudar fotografia, mas seu caminho se desviou quando encontrei a Tucum Brasil, empresa que trabalha com diversas etnias indígenas, e começou a trabalhar com eles fotografando seus produtos e expedições às aldeias indígenas. O amor pelas matrizes e comunidades tradicionais nunca a deixou ir embora do Brasil.

Nos anos de 2016 e 2017, participou de workshops de fotografia documental no Ateliê da Imagem com fotógrafos como André Vieira e João Roberto Ripper, o que fizeram conhecer lados mais pessoais dos seus registros etnográficos. E ultimamente, vem mergulhando também nas fotografias de ensaios pessoais, onde pode trocar muito com os fotografados e explorar a criatividade de uma maneira sem limites.

Em suas fotografias, a Helena exalta o poder e a potência de cada ser, com um cuidado especial para as mulheres, a força feminina. “Eu comecei a fotografar mulheres, o feminino e o cuidado, como uma atitude de cura – cura através da beleza. Onde o que reverbera desses encontros me inspira e me alimenta, e cuida de quem está sendo fotografado.

“Comecei a fotografar com 14 anos, com uma câmera simples que me foi dada pelo meu avô, mas só vim a estudar artes visuais a partir dos 18 anos. Meu amor pela fotografia sós e expandiu nessa época, mas ainda tinha meus olhos muito voltados para a área de fotografia documental. Foi no fim de 2016 que, depois de passar por uma situação pessoal delicada, comecei a experimentar o registro de meu próprio corpo como uma forma de deslocar a imagem que eu tinha de mim quando me via no espelho, para situações onde me via feliz, saudável e satisfeita por habitar a minha pele e carregar a minha história. Eu passei uns tempos nessa época numa chácara no interior de Minas, e ali pude ter certeza do quanto me faz bem e me cura estar em contato com a floresta e a natureza em geral. Acho que não é por acaso que sou bióloga. Faz parte da minha essência essa característica”.