Longa premiado no Santos Film Fest é pré-selecionado ao Oscar 2022

Por Gabriella Domingos e Marcus Rosa

 

O longa “Selvagem”, do paulista Diego da Costa, que levou o Prêmio Humanitário do júri na edição de 2020 do Santos Film Fest (Festival de Cinema de Santos) e está entre os 15 finalistas do país, participa da seletiva “Filme Brasileiro”, que irá concorrer à vaga de “Filme Internacional” ao Oscar 2022 pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais.

O jornalista, produtor cultural e diretor do Santos Film Fest, André Azenha, 41, explica que para um filme ser selecionado ao Oscar, depende de sua categoria. Há uma comissão no Brasil, que antes era estabelecida pelo Ministério da Cultura e agora é pela Academia Brasileira de Artes Cinematográficas, correspondente brasileira da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood.

“Essa comissão inclui críticos de cinema, produtores, cineastas, atores e atrizes. Nesse ano tiveram 15 pessoas, que após uma pré-seleção, eles escolhem 15 filmes, do qual o Selvagem e o Limiar – outro longa exibido no festival e selecionado – fizeram parte, e, por fim, tem o processo de votação dos membros da academia, geralmente dentro de cada segmento”, relata Azenha.

Existem outras categorias, como a de melhor direção, melhor filme, roteiro, roteiro adaptado, ator, atriz entre outros. E os filmes brasileiros também podem concorrer nessas categorias como aconteceu com Cidade de Deus, que concorreu para direção, roteiro adaptado, fotografia e montagem e foi o único filme brasileiro, na época, a ter quatro indicações ao Oscar.

Azenha comenta que “Selvagem” é um filme que tem uma temática recente, importante e relevante. Mostra um olhar com valor, linguagem, consegue sensibilizar plateias em qualquer parte do mundo, algo que o cinema nacional precisa trabalhar mais e isso é o que o levou a vários festivais.

O longa

O filme retrata a história de Sofia, que tem o objetivo de passar no vestibular, achar um emprego e sair de casa. Porém, quando a escola onde estuda é ocupada pelos seus amigos e colegas de classe, ela se vê em um dilema entre continuar estudando sozinha ou compartilhar seu conhecimento na transformação da escola.

O diretor do filme, Diego da Costa, lembra: “Como os secundaristas que ocuparam suas escolas, nós, cineastas do interior [de São Paulo], cineastas da periferia do cinema nacional, que não são levados a sério por não terem chancelas estrangeiras, ou por não termos dinheiro para os nossos filmes, estamos concorrendo à indicação ao Oscar 2022”.

O processo de escolha do Oscar, que agora é responsabilidade dos cineastas, foi uma mudança recente positiva. Mas ainda possui muitos entraves. A ideia de um grupo de cineastas é disputar em bloco essa vaga do Oscar.

Abrindo a campanha, que em geral é sempre tão de bastidores, para todo o público acompanhar.

Santos Film Fest

“Festival santista, que tem a resistência na sua essência, mas ao mesmo busca não ficar só dentro da bolha do segmento do cinema, que é importante ter, mas precisa atingir um público mais amplo, o que é a proposta do Santos Film Fest: ampliar o público, trazer mais pessoas para ver filmes brasileiros e regionais, fazer o intercâmbio entre curtas e longas entre a galera da região e de fora, colocar Santos no mapa brasileiro dos festivais e acho que o Festival conseguiu isso”, comenta André, diretor do Festival.

É uma referência entre os festivais do Brasil, pois fomenta o público e ajuda na economia local, desde rede hoteleira, restaurante, transporte.

André relata que desde o começo buscou primeiro parceria com distribuidoras como Vitrine Films, Paris Films, Imagem Films, com consulados da Suécia, Canadá, França e de outros Festivais Brasileiros como o Cine Fantasy.

Queria trazer filmes elogiados, premiados e importantes nacionalmente e internacionalmente. E com o crescimento do Santos Film Fest, hoje esses filmes premiados se inscrevem no evento, o que é importante, pois valoriza o festival e ele acaba sendo vitrine para estes longas.