ONG leva cultura da América Latina e Europa para o mundo

Por Thiago Guimarães, Bruna Mantovani e Bruno Lira/AES

Com quase 30 anos de existência, a Associação Brasileira dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Populares (ABrasOFFA) é uma Organização Não-Governamental (ONG) reconhecida pela Unesco, responsável por reunir diversas pessoas de mais de 18 países, da América do Sul e Europa. Com eventos on-line, o intuito é levar e transmitir diferentes manifestações culturais através das mídias sociais para um maior público.
 
Até 2020, realizava eventos presenciais, mas, com o avanço da pandemia, os projetos precisaram ser repensados e passaram a ser oferecidos remotamente, com a ajuda da internet. Os organizadores abraçaram a ideia, por facilitar a entrega dos materiais para mais lugares. A ABrasOFFA foi fundada em agosto de 1992, por Helena Lourenço, que é a presidente do projeto que funciona como uma Organização Não Governamental (ONG), ou seja, sem fins lucrativos, com títulos OSCIP – Organização Sociedade Civil de Interesse Público.
 
Seu intuito é o de desenvolver projetos voltados à recuperação e preservação da cultura, com foco em Folclore e Artes Populares. É Filiada e representante da Internationale Organisation für Volkskunst (IOV) na Áustria. Além de ser membro colaborador do CIOFF – Conselho internacional de Festivais de Folclore.
No ano de 2005, os eventos “Circuito BRASIL FEST IN FOLK – Festival Internacional de Folclore do Brasil e “Rede de Jovens Voluntários pela Cultura da Paz” receberam a Chancela Oficial Unesco. Em 2006 e 2008, foi a única representante do Brasil no Salão Internacional de Iniciativas da Paz, em Paris, França. A partir de 2009, tiver seus projetos selecionados pela Petrobrás e Senac para patrocínios.
 
A entidade, além de organizar os principais eventos do mundo, se compromete com causas sociais na sociedade, encaminhando jovens de periferia para treinamentos adequados, como também a aulas diferenciadas, tais como: idiomas, geografia, conhecimentos gerais, primeiros socorros e tradições culturais. Com o treinamento, esses jovens têm a oportunidade de realizar uma viagem de intercâmbio pelo Brasil, ou até para um país da América do Sul ou Europa. A ABrasOFFA também apresenta outros diversos projetos durante sua trajetória: Conselho da Paz em Santos; Paz sem Fronteiras; Protagonismo Juvenil, dentre outros exemplos.
 
Em relação aos festivais, a 1° edição ocorreu em 1987, antes mesmo da fundação da ONG, tendo como sede a cidade de Campos do Jordão, em São Paulo. O festival também se estendeu para Santos, no Litoral. Na época, os grupos presentes foram: Argentina – Cia Argentina de Danzas, Bulgaria – Folklore Group, Polônia – Akademicki Zespol Piesni I Tanca “Jedliniok”, Espanha – Asociación de Coros y Danzas Jovellanos de Gijón, BRASIL – Abaçaí/SP e Terra Pampeana/RS.
 
Desde então, foram mais de 25 edições, com presença de grupos artísticos de diversos países do mundo, inclusive, performances da maioria dos estados do Brasil. Contendo muitas sedes da Capital Paulista, como por exemplo Litoral Paulista: Cubatão, Praia Grande, São Vicente e Santos.
 
A presidente Helena Lourenço relata sobre o início do projeto, e como foi desafiador para concretizar as ideias na época: “Uma grande aventura, porque tínhamos que convidar os grupos, não havia internet, tinha que ser por carta. Então, a resposta demorava cerca de 15 dias”. Ela completa que depois da primeira experiência ter dado certo, conseguiu expandir o número de grupos artísticos, como também as cidades sedes, e demonstra por contribuir para o bem da cultura. 
 
Sobre os desafios que a idealizadora teve de enfrentar, recentemente foi em relação à pandemia, pois os eventos tiveram de ser adaptados para transmissões online. “Tivemos que nos reinventar, temos mais de 180 intercâmbios culturais pelo mundo, pois temos mais de 34 anos de trajetória então tivemos que nos adaptar. Vimos essas dificuldades das pessoas para se adaptar então resolvemos criar imagens, um fórum permanente, onde todos os domingos às 16 horas, a gente se reúne com pessoas do mundo inteiro e até hoje fazemos esse evento, a ideia era motivar a população a não desmotivar as pessoas”, diz Helena.
 
A pós-graduada em Comunicação Empresarial Fabiana Torres aprecia bastante o trabalho da ABrasOFFA. Ela também apoiou o projeto, acolhendo estrangeiros em albergues. Inclusive, ela estava presente na 1° edição do projeto. “Sinto muito orgulho e muito carinho em participar do primeiro festival. Foi desafiador porque na década de 80, tudo era mais lento, dava mais trabalho. Também nossa equipe era muito jovem e com pouca experiência em eventos, principalmente de grande porte como este. O festival se tornou um evento consolidado, que tem uma associação reconhecida e respeitada por trás. Poderia ter reencontrado a Helena antes para acompanhar de perto este crescimento. Muito bacana fazer parte de um grupo no qual mais de 200 pessoas tinham como objetivo de espalhar o folclore no Brasil”, revela Fabiana.
 
Em relação às experiências como voluntária nos eventos anteriores, Fabiana conta que no 1° festival ela teve que improvisar de diversas formas, para melhor conforto das pessoas de outros países. Ela chegou a montar beliches, organização do local, e até fez churrasco, mas ressalta que foi tudo sendo organizado como uma grande festa.
 
Os voluntários são de suma importância para a manutenção do festival. Segundo Helena, há uma grande adesão dos jovens: “Para nós é uma coisa fantástica, as pessoas vêm por curiosidade porque gostam da proposta ou porque querem ter contato com grupos estrangeiros. A maioria dos voluntários têm entre 20 e 30 anos. Temos muitos voluntários, claro que agora na pandemia a gente não fez mais adesões. Mas já iniciamos os preparativos de seleção para os próximos voluntários nos futuros eventos presenciais”, celebra.
 
Helena tem grandes expectativas para os próximos festivais, mas ainda não tem certeza sobre os encontros presenciais, mas conta com novidades futuras. “Estamos pensando em fazer eventos presenciais, contendo eventos voltados para o meio ambiente e voltados para o artesanato também. Sendo presencialmente planejado para o ano de 2023. Em 2022 vamos continuar pelo virtual, pois estamos vendo o novo movimento da pandemia, por exemplo a Áustria fazendo lockdown”.
Já Fabiana pensa que o remoto agregou bastante para as atividades do festival: “O número de grupos e regiões participantes foram bons. O festival virtual só tem a agregar, na minha opinião. Para divulgação e disseminação dos eventos, da ABrasOFFA e do legado da Helena Lourenço“, finaliza.