Lendas urbanas de Santos são resgatadas por meio de livros

Por Gabriela Sousa, Luis Fernando dos Santos e Robson Mesquita/AES

 

Na época da ditadura militar, o Navio Raul Soares ficou ancorado no Porto de Santos e se tornou cárcere e lugar de tortura. Para falar sobre essa história real de horror e outras que assombram a cidade, diversos autores criaram obras relacionadas. É o caso do cineasta Dino Menezes, com o livro “Contos de Terror e Lendas Macabras da Ilha de Santos”, e da jornalista Vanessa Ratton, que lançou “Encontros à hora morta”.

O escritor também conta sobre o fantasma locutor do Teatro Municipal, o gato fantasma do Cemitério do Paquetá, o espírito do pirata Thomas Cavendish e o espectro da menina que chora na Casa da Frontaria Azulejada. “Uma vez, fui lá na Frontaria para gravar uma peça. Vi uma menina triste e ela me falou que tinha alguém chorando lá dentro. Então eu pego essa história, esse pouco argumento que eu tenho e fica até mais fácil para escrever”, explica.

Apesar do tema ainda ser tabu para muita gente, Dino brinca que a morte sempre o rodeou, começando pelo fato de ter morado em frente a um cemitério na infância. Por meio da sua escrita, ele tenta proporcionar um momento de lazer para os seus leitores e fica muito feliz quando recebe feedback de crianças e idosos que se divertem com as lendas. Já Vanessa Ratton também fantasmas, mas de mulheres, inclusive para histórias que marcaram sua infância e adolescência. “Talvez os mais jovens não se lembrem disso, mas teve um caso de uma mulher matou o marido por impulso, pois sofria violência doméstica. No ato de desespero, ela guardou o corpo no freezer e, para ir se livrando, preparava e vendia hambúrguer de carne humana, pois tinha um carrinho de lanche na orla da praia”, relembra.

Segundo a jornalista, o seu livro tem o intuito de preservar a memória imaterial de Santos. “Queremos deixar para as futuras gerações, para que isso não se perca. Antigamente, a oralidade era muito comum. Os avós, tios e pais contavam as lendas para a gente. Hoje em dia, com tanta informação e com a internet, acho que essas histórias vão se perdendo”, finaliza.