Perfil Fotógrafos | João Castellano

| Perfil Biográfico Fotógrafos | João Castellano
| Por Henrique Gonçalves Almeida | 4FN1 FTI 2023-2
| 5018 caracteres

João Castellano, nascido em 1980, natural de Porto Alegre, começou sua carreira como fotógrafo em uma agência de notícias. Morou em Nova York durante cinco anos, onde teve a oportunidade de estagiar no DPI (Departament of Public Information) da ONU. Retornou ao Brasil a convite da revista Istoé, onde atuou por sete anos. Durante esse período fez diversos trabalhos como freelancer para veículos nacionais e locais, tendo a oportunidade de clicar os principais esportistas brasileiros.

O seu maior projeto, chamado de “Sou Farofa” consegue fazer um retrato delicado dos brasileiros que fazem piquenique na praia, estigmatizados como “farofeiros”. Iniciado em 2012 na Represa da Guarapiranga, em São Paulo, e mais tarde expandindo para praias, parques e piscinões de todo o país. As fotos do trabalho já foram publicadas em veículos de vários países, como El País, Marie Claire França, Burn, Der Spiegel, The Atlantic e Lens Blog, do The New York Times.Entre 2016 e 2017 passou seis meses fotografando o conflito contra o Estado Islâmico no Iraque.

HENRIQUE ALMEIDA – – Como e quando começou o seu interesse por fotografia? E qual a sua formação?

João Castellano – Surgiu como uma salvação na vida de João, o mesmo se encontrava perdido em JC ao que fazer. Fez 2 anos de faculdade de publicidade e propaganda apenas por pressão dos pais. João afirma que não gostava de estudar e de seguir regras, segundo ele “não me enquadro no sistema”.

Depois de alguns empregos e de tentar ser jogador de futebol, João fez uma viagem para passar um tempo com sua irmã em Los Angeles,Califórnia/EUA, para ter uma perspectiva de vida. Com a cobrança do que fazer na vida, João queria encontrar algo para fazer, e foi aí que teve seu primeiro contato com a fotografia, pois seu cunhado tinha uma câmera e na viagem de volta os dois foram de carro, dos Estados Unidos até o Brasil, e foram tendo contato com diversas pessoas e culturas e fotografando o percurso todo.

De volta ao Brasil, seu amigo o levou para um jogo de futebol e daí surgiu um interesse em ser fotógrafo esportivo e por fotojornalismo. Sua família tradicional de início não o apoiou, porém, seu pai acabou ajudando seu filho nos primeiros anos de sua carreira, construindo até um laboratório fotográfico em seu banheiro, em meados de 1998. João conclui alguns cursos de formação no Senac para se profissionalizar.

Mas sentindo que não estava decolando, João foi para Nova York e lá foi ganhando a vida do jeito que podia e continuou a estudar fazendo diversos workshops de fotografia, e dos 5 anos que morou lá, nos últimos 2 vivia apenas de fotografia. Durante seu tempo em Nova York, fez contatos com donos de agências, e acabou fotografando a Fashion Week e depois disso, pelo ótimo resultado de seu trabalho, também fotografou festas da Hugo Boss, enriquecendo seu currículo. De volta ao Brasil, João começou a trabalhar na revista IstoÉ, onde ficou 7 anos.

HA – Qual seu kit/equipamento de trabalho?
Segundo João Castellano, o kit de um fotógrafo diz muito sobre o profissional, e ele afirma que o seu está em constante mutação, assim como ele. Deseja cada vez mais migrar para o audiovisual e que já está se preparando para isso. Segue seu kit atual: Canon EOS R5 com flash godox v1; lentes 24-105mm; lentes fixas: 24mm-f1.4, 35mm-f1.4, 35mm-f1.8 e 135mm-f2; Gimbal e luz contínua.

Você tem um estilo e/ou uma visão específica na hora de fotografar?
João vem se afastando do fotojornalismo e focando apenas no retrato que é de seu maior interesse, mesmo com seus trabalhos na revista IstoÉ. Ele acredita que sua visão na hora de fotografar é o que ele é, sente e o que quer comunicar. Pessoas, olhares e sentimentos. Seu trabalho diz muito sobre si e pode dizer para o outro. Ele diz que por fora pode ter uma aparência durona mas por dentro é uma pessoa amorosa, então seus trabalhos possuem um “agressividade com delicadeza” citando suas próprias palavras, suas fotos são o reflexo de sua alma.

Como foi se posicionar e chegar a ter o seu espaço no mercado da fotografia?
Castellano acredita que mesmo com seu currículo ainda não tem um espaço fixo no mercado, pois é uma profissão de extremos, uma hora está em outro país, fotografando um evento de elite e outro momento tem dificuldades para pagar as contas do mês. Mas João afirma que tudo depende de um controle necessário para manter a constância no trabalho.

Quais os desafios do profissional de fotografia na atualidade? (em relação a IA)
O fotógrafo afirma que apenas os melhores vão ter um espaço no mercado, cada vez mais focando em contar histórias, pois a IA ainda não consegue e nunca vai reproduzir o que apenas um ser humano é capaz. Ela pode recriar imagens, mas emoção, nunca. Então o profissional que colocar mais amor, mais verdade no seu toque pessoal, sempre vai se destacar.

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