Perfil Fotógrafos | Luigi Bongiovanni

| Perfil Biográfico Fotógrafo | Luigi Bongiovanni
| Por Juliana Garcia de Carvalho | 4FN2 FTI 2023-2

| 6345 caracteres

Luigi Bongiovanni, nasceu em Alexandria, cidade litorânea do Egito, banhada pelo Mar Mediterrâneo, em 19 de abril de 1950, e é formado em jornalismo pela FACOS, Universidade Católica de Santos. Foi professor de fotojornalismo da Unisantos e subeditor de fotografia do jornal A Tribuna. Atualmente continua no fotojornalismo nas agências The News2 e Folha.

(Juliana) Como e quando começou o seu interesse por fotografia?
(Luigi) Meu pai gostava de fotografia. Sempre que viajávamos ele levava a sua máquina alemã, rolos de filmes p&b e eu acompanhava seus passos. Em São Vicente, ganhou medalha e troféu em foto de concurso. Bem mais tarde, quando ingressei na Faculdade de Comunicação de Santos, da Unisantos, passei a ter contato, bem próximo, com a fotografia, pois havia a discussão da pauta, sua elaboração com o uso das máquinas Pentax K1000 e rolos de filmes p&b, de ISO 400, até a revelação e ampliação das fotos, dentro do projeto jornal laboratório, O Entrevista.

(J) Qual a sua formação?
(L) Conclui o curso universitário de Jornalismo, pela Faculdade de Comunicação de Santos, Facos, da Unisantos em dezembro de 1976.

(J) Qual é o seu kit/equipamento de trabalho? (câmera, lentes, iluminação etc.)
(L) Como sou da geração que viveu todas as transformações tecnológicas, passando do negativo para os cartões  de memórias e celulares digitais, passei da Pentax para a Nikon, que uso até hoje, uma D200 e outra D300S. Uma lente 50mm 1:14, outra tele 1685mm 1.1:4, uma tele 80/200mm ED1.2:8d, um flash Nikon SB600,um tripé e um monopé.

(J) Para quem quer começar a fotografar, qual o equipamento básico que você indicaria?
(L) Embora continue trabalhando para agências com pautas regionais e os mesmos equipamentos citados, eu aconselho aos iniciantes começar com máquinas de menor valor, com pequenas teles, flash, cartões  de memória e fotografar nas mais diversas luzes, situações, velocidades no manual e automático, até ter completo domínio do equipamento. Passada está fase, aí sim, compre um bom equipamento e todo tipo de acessório para atender seu público. Se for esporte (futebol, surfe, automobilismo etc), é essencial a compra de grandes teles (muito caras), monopés. Se forem atividades artísticas, lentes muito luminosas 1.1:2. Se for estúdio, tripé, fundo infinito, lentes luminosas e boa iluminação. O aluno é quem decidirá o melhor equipamento, dependendo da área que escolher. O ideal é conhecer todas as nuances do jornalismo e ser o melhor nelas.

(J) Qual a sua área de atuação? Há quantos anos trabalha com fotografia?
(L) Eu preferi o fotojornalismo do cotidiano. Sempre atento nas ruas. Olhar e ver o que acontece aos seu redor. Muitos passam com um olhar menos atento e crítico. Trabalhei na Sucursal de A Tribuna, em Praia Grande, por alguns anos. Íamos de Praia Grande até a Juréia, em Iguape, no Vale do Ribeira, atrás de boas pautas ambientalistas. Iniciei minha carreira escrevendo no Jornal Cidade de Santos, editorial de esporte, pela manhã e à tarde complementava minha renda familiar na Sucursal dos Diários Associados. Mais tarde entrei na revisão de A Tribuna. Algum tempo depois fui ser editor de Internacional, depois Nacional e por fim sub e chefe de Reportagem. Em 1985, pedi para deixar o texto e passei para a fotografia, apesar da insistência para desistir da idéia. Lugar onde me realizei profissionalmente até 2018, já no cargo de subeditor. Atualmente continuo no fotojornalismo com pautas diversas para a agência The News2 e Folha.

(J) Como foi se posicionar e chegar a ter o seu espaço no mercado da fotografia?
(L) Manter a mente aberta para acompanhar e registrar todos os fatos de forma profissional, livre, ética e respeitosa em todos os ambientes. Sem arrogância e menosprezo por ninguém. O jornalismo, na sua essência, é para servir e melhorar a vida dos cidadãos, denunciando as mazelas dos corruptos, as atrocidades dos medíocres e todo tipo de aberrações. É difícil ficar na linha de frente destas ações, muitas vezes com riscos à integridade física. Mas, com cautela, sempre haverá espaço para fotos impactantes nas primeiras páginas.

(J) Quais os desafios acredita ter o profissional de fotografia pela frente na atualidade?
(L) O maior problema nos dias atuais é a concorrência com leigos que inflamam o mercado, reduzindo o valor do trabalho de um bom profissional. Isto foi facilitado pelos políticos desprezíveis que tiveram a coragem de acabar com a necessidade do diploma para a atividade jornalística. Deram chance para a imprensa negacionista se fortalecer e as mentiras serem mais difundidas do que a própria verdade.

(J) O equipamento digital veio para facilitar o trabalho do profissional da fotografia?
(L) O equipamento digital foi essencial para facilitar o trabalho do profissional da fotografia. Hoje o fotojornalista tem o domínio total de sua pauta. Melhora a qualidade, o corte, a edição o detalhe do assunto em pauta. Não tem o direito de errar. Em segundos sua imagem atravessa fronteiras e está na tela de qualquer noticiário do mundo. Também há a necessidade de conhecer e saber usar drones. Um equipamento que ajuda a complementar todas as áreas que o fotojornalismo alcança.

(J) Qual foi o maior desafio/dificuldade que você já enfrentou em sua carreira?
(L) A maior dificuldade que vejo nos dias atuais, além da concorrência barata e desleal, é a dificuldade de um bom profissional levar todos os seus equipamentos nas ruas e sofrer assaltos repentinos. Os equipamentos são caros e um vacilo e tudo acaba nas mãos de criminosos. E o pior. A maioria não consegue contratos em carteira e a perda se torna total. O seguro de equipamento é muito alto.

(J) Qual o seu conselho para quem quer começar nessa carreira?
(L) Ser persistente. Passar todo o seu tempo acompanhando noticiário e fotografando. Entrar e participar do Sindicato dos Jornalistas e obter o documento da Fenaj, Federação dos Jornalistas, serve para abrir portas no País e da ARFOC (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos), dão respaldo aos sindicalizados e associados. Além de ter uma boa agenda com telefones de todas as autoridades, entidades, clubes, hospitais, religiões da região. A qualidade que o diferencia de um leigo é o domínio total de uma pauta e a tentativa de perseguir imagens que são a síntese de um lead, com mais qualidade e indo muito além do óbvio.

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