Perfil Fotógrafos | Charles Peterson

Perfil Fotógrafos | Charles Peterson
Por Gabriel Fernandes Calarge | 3FN1 FTD 2022-2
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Charles Peterson, nascido em 1964 em Longview, Whashington, é um fotógrafo estado-unidense que é amplamente reconhecido por ser um dos primeiros e mais icônicos fotógrafos que estavam na vanguarda da cobertura do movimento musical underground que surgiu em Seattle nos anos 80 e 90, chamado Grunge. Sua introdução na fotografia aconteceu quando ele era mais jovem e assistia seu tio revelando filmes de fotografia, fotos simples de paisagens e caminhadas, em um quartinho de revelação improvisado perto da lavadora e secadora. Segundo o próprio Peterson, “Para mim era pura magia. Ele tocava rock and roll em um radinho, colocava o papel nessa bacia cheia de química e… ali estavam as fotos!”. Conforme ele foi crescendo, essa mágica continuou o encantando.

Durante toda sua vida escolar, de ginásio ao colegial, ele trabalhou como fotógrafo em tempo integral para sua escola, fotografando clubes sociais, retratos e eventos esportivos além do jornal escolar e o livro de formatura. Foi também durante o colegial que ele entendeu que tinha algo que ele considerava um dom enquanto fotografava esportes: reflexos rápidos. Após isso, ele ingressou na Universidade de Washington para se formar em Fotografia.

Peterson acabou se tornando o fotografo não oficial para o selo de gravadora Sub-Pop, a qual começou em 1987 e viria a se tornar o primeiro selo que abrigou bandas como Nirvana, Soundgarden e Mudhoney entre outras tantas. Para Bruce Pavitt, co-fundador do selo, eles estavam repaginando o rock and roll com todas aquelas bandas que estavam surgindo, mas que ainda era necessária uma identidade visual forte, e é ai que Peterson tem seus créditos. 

As fotos de Peterson aparentavam que ele pintava com a luz, pois com seus reflexos e movimentos ele conseguia um efeito desfocado único, que servia para transmitir a energia do movimento daquele momento. Estes mesmos desfoques se tornaram a especialidade também da Sub-Pop e foram inspiradas em um fotógrafo de rua dos anos 60 chamado Gary Winogrand. Gary utilizava o flash balanceando com a velocidade do obturador longa que o ajudava a obter um senso de movimento único com a maneira de desfoque.

Essas idéias foram utilizadas com as bandas que ele era amigo, que ainda não eram nem um pouco famosa, mas quando elas se tornaram, Peterson também foi elevado ao estrelato. Para ele, sempre houve controle dentro do caos que eram estes shows “Alguns profissionais discursam sobre a luz e etc. Mas, para mim, o cerne da coisa é a composição. Eu penso que o que diferencia meu jeito é que independente de onde eu esteja, seja na grade de um show ou em um estúdio.

É tudo sobre como você traduz aquilo que você sabe em diferentes situações. Por exemplo, ele se recusa a cortar suas fotos e a borda após a revelação se torna parte do trabalho final. Isso, segundo Peterson, adiciona tempo e espaço para a foto, pois você vê exatamente o que ele viu quando decidiu clicar aquela imagem. O sonho dele sempre foi de se tornar, na verdade, um retratista clássico e algumas de suas inspirações são Félix Nadar e Francis Wolff, este último era o fotógrafo principal para um selo de Jazz chamado Blue Note.

Quando Charles Peterson estava fazendo seu “seminário” de Rock, ele pagava seus rolos de filmes com trabalhos diurnos diversos. Agora ele tem um enorme estúdio no centro, e trabalha para clientes reconhecidos. Mais de um terço de seu trabalho é feito em estúdio, e agora as maiorias das fotos são coloridas, mas coloridas com um processo que o próprio Peterson criou.
Hoje em dia ele não trabalha com muitas bandas, mas vive com o dinheiro dos licenciamentos de fotos que ele já produziu e de trabalhos para marcas como Bing, Adobe, Dr. Martens e etc. Ele continua residindo em Seattle, casado e pai de um garoto chamado Félix, e uma filha chamada Leica.

Em seus tempos de rock and roll, ele utilizava com mais frequência algumas Nikon SLR, mas também usava câmeras Hasselblad, e no meio dos anos 90 começou a usar mais e mais as Rangefinders da Leica. “Não pego um rolo de filme ou entro em uma câmara escura há cerca de dez anos. A câmara escura estava me matando, o filme ficou caro demais e as câmeras digitais ficaram boas demais. Eu fotografo principalmente com uma Leica M10 agora, e é tudo o que eu poderia pedir. Eu tenho um scanner de filme Imacon, e esse tem sido meu pão com manteiga nos últimos quinze anos, permitindo que eu divulgasse meus arquivos e fizesse impressões de belas artes.”

E agora, na era digital “Principalmente, minha Leica M10, embora eu use Nikon DSLRs para certos tipos de “Trabalhos Pesados” (ou seja, trabalho de lentes longas, etc.). Os Rangefinder digitais da Leica me deixaram mais solto – muitas vezes nem olho pelo visor – o que acho que tira um pouco da “perfeição” digital que todo mundo parece estar procurando com megapixels mais e mais nítidos. Prefiro capitalizar a ‘Sorte Informada’. Em outras palavras, controlo alguns dos elementos, mas não todos.