Perfil Fotógrafos | Liam Wong

Perfil Biográfico Fotógrafos | Liam Wong
Por Alice Botolli | 4FN1 FTI 2023-1
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Liam Wong, cores e referências surreais. O escocês formado em arte da computação foi destaque pela Forbes 30 under por ser o diretor mais novo da ubisoft o maior estúdio de jogos do mundo, começou na fotografia como hobbie, fazendo fotos de suas viagens e postava no Facebook e Instagram, ele conta que o celular te ensinou a composição e a DSLR desbloqueou sua criatividade.

Em sua segunda viagem a Tóquio economizou para comprar a sua primeira DSLR a fim de se aventurar no cinema, porem em uma noite chuvosa a cidade se iluminou com as luzes da vida noturna, e isso mudou a visão de Wong para sempre, ele registrou a foto “taxista” que foi se tornar o marco de sua arte, na época um motorista de táxi aguardava um casal sair de um hotel em Kabukicho o distrito da luz vermelha de Tóquio. “Sempre fui muito feliz com a iluminação, uso da cor, a composição, mas o importante foi minha primeira tentativa de capturar um raro vislumbre da cidade à noite”. Liam Wong sobre a foto.

Com sua experiência dos jogos e gosto por cores saturadas, as sua fotos chegam a parecerem ilustrações e por isso é a favor de edições nada minimalistas. A sua arte faz questionar a realidade, um dia chuvoso ajuda o artista a entrar na atmosfera de suas obras e trazer um efeito incrível e inovador para o mercado atual. “Quando tiro uma foto ou crio uma imagem, estou muito consciente das coisas que quero comunicar, dos sentimentos que quero evocar”. Liam Wong em entrevista para Van Schneider. Podemos ver claramente a influencia de todo o seu histórico dos jogos, na fotografia, a estética “gamer” transpassa para suas fotos, a referência cyberpunk com um ar surrealista e contornos sombrios e bem saturados, dão a impressão de um mundo a parte, que só existe em suas fotos.

A estética utiliza muito contraste e tons de azul, roxo e rosa, o neon também é bem explorado junto com luzes da cidade e dos carros, cores saturadas, mas sem perder a essência escura e contornos marcados de luz e sombra. O seu processo de criação começa no momento de registo, ele pensa já na futura edição, e tem como foco a arquitetura, geralmente espera as pessoas entrarem no quadro escolhido, outras vezes e mais espontâneo, mas o ponto focal da arquitetura é o essencial para sua arte transmitir a energia caótica de surrealismo com um toque de cyberpunk na sua fotografia noturna e de rua. Liam conta que gosta de “combinar” a foto com a música que está ouvindo ao edita-las, o visual e o áudio andam de mãos dadas e por isso muitas fotos levam o nome de faixas ouvidas durante seu processo de criação. “Amo experimentar cores para transmitir humor e emoção” em suas edições gosta de usar Adobe Bridge, Câmera RAW para fazer edições de base e usa o Photoshop para ajustar camadas e curvas de cores.

Em uma entrevista Liam conta que utiliza a câmera Sony A7R III e Canon 5D IV em seus projetos principais, sobre as lentes as Canon 35mm & 50mm são suas favoritas, também usa configurações personalizadas da câmera, filtros de lentes e géis em flashes. Quando procura praticidade em alguma viagem usa a Sony RX100 V, mas não deixa de ter o celular em mãos para um registro rápido. Ele conta que também gosta de fotografia em filme, e quando busca esse efeito a point and shoot, Rollei 35 ou a Contax T2.

Em 2019, lançou sua monografia de estreia e livro best-seller: TO:KY:OO, capturando a beleza de Tóquio à noite. Retrata a rotina dos moradores da cidade, nas lentes do artista as placas de neon da cidade se transformam em arte, um retrato da cidade movimentada e urbana, se transforma em mágica e ilumina a cidade com suas cores e estética utilizada. “Acho que é disso que as pessoas gostam nas obras do livro, que parece surreal a ponto de terem que olhar duas vezes; às vezes parece um videogame ou uma pintura, mas na realidade é mais como uma fotografia de alucinógenos.” Liam Wong em entrevista para Van Schneider.

Em 2022 lançou “After Dark”, através da noite solitária, Wong explora a solidão na vida da cidade, fotografando a madrugada e todos os seus mistérios urbanos até o amanhecer, como os motoristas de táxi noturnos de Seul, ou um assalariado esperando em uma plataforma vazia do metrô no distrito de Akihabara, em Tóquio. A representatividade dessas vidas e todo o seu mistério antes do sol nascer é o que nos deixa fascinados com a arte de Liam em seu novo trabalho.